Assim a evocação que nomeia as coisas invoca e provoca também a saga do dizer que nomeia o mundo. O dizer confia o mundo para as coisas, abrigando ao mesmo tempo as coisas no brilho do mundo. O mundo concede às coisas sua essência. As coisas são gesto de mundo. O mundo concede coisas.
A fala de ambas as estrofes fala à medida que chama as coisas para virem ao mundo e o mundo para vir às coisas. Os dois modos de chamar são diversos mas não separados. Também não estão acoplados um ao outro como coisas distintas. Mundo e coisa não subsistem um ao lado do outro como coisas justapostas. Eles se interpenetram. Assim os dois dimensionam um meio. Nesse meio, estão unidos. Assim unidos, são íntimos. O meio dos dois é a intimidade. “Entre” é o nome que nossa língua dá ao meio de dois. A língua latina diz inter. Inter corresponde ao alemão unter. A intimidade de mundo e coisa não é mistura. A intimidade prevalece somente onde o íntimo, mundo e coisa, puramente se distingue e permanece distinto. No meio de dois, entre mundo e coisa, em seu inter, nesse unter, prevalece o corte [Schied] que os separa e diferencia. [Heidegger – Caminho da Linguagem]