metabole: mudança, metabolismo
O termo mais genérico de Aristóteles para a passagem de um estado a outro, quer ao nível da substância onde a metabole é chamada genesis, quer numa das três categorias da qualidade (ver pathos, genesis), quantidade ou lugar, onde a metabole é chamada kinesis; ver Physica V, 224a-225b, e kinesis; para a matéria implicada pelas várias substâncias, ver hyle. [FEPeters]
metabolé (he): mudança, modificação, transformação. Latim: mutatio.
Termo originariamente não filosófico. Do radical: bállo, eu lanço, eu jogo; metabállo: desloco, transformo. A metabolé é uma mudança, uma transformação.
Em filosofia, a metabolé distingue o ser sensível, fadado à mudança, do ser inteligível, perpetuamente o mesmo. Termo moderno de fisiologia: metabolismo, conjunto de transformações energéticas do organismo.
Heráclito constata que não é possível tocar duas vezes o mesmo corpo devido à mudança (fr. 91). Platão só emprega essa palavra incidentemente. Ao contrário, Aristóteles compõe um verdadeiro tratado sobre a mudança (Met., Z, 7-9). A mudança comporta duas espécies: por um lado, a geração (génesis/genesis) e a corrupção (phthorá/phthora), que são a vinda ao ser e a saída do ser; por outro lado, o movimento (kínesis/kinesis), que compreende três espécies: crescimento (aúxesis/auxesis) e decréscimo (phthísis/phthisis); alteração (alloíosis/alloiosis) e translação (phorá/phora). Retoma rapidamente a análise do fenômeno no livro K (11-12). Não há mudança nos seres celestes (De caelo, I, 9). Os estoicos são pouco prolixos nesse assunto; Marco Aurélio fala apenas da transformação pessoal: a morte transformará meu ser em parte do universo (V, 13; IX, 35). [Gobry]