MERLEAU-PONTY, filósofo francês (Rochefort-sur-Mer 1908 — Paris 1962), um dos representantes do existencialismo. Professor na Universidade de Lyon (1945-1949), na Sorbonne (1949-1952) e no Colégio de França a partir de 1952, aplicou a “teoria da forma” ao estudo do comportamento (A estrutura do comportamento, 1942), mostrando a interpenetração do psíquico e do fisiológico em toda a conduta humana; depois da percepção, que é regida pela lei do fundo e da forma (Fenomenologia da percepção, 1945). A influência de Husserl, principalmente em suas últimas obras, impregna profundamente o pensamento de Merleau-Ponty. A partir de 1945 trabalha, juntamente com Sartre, na revista Tempos Modernos. A reflexão sobre os problemas políticos e sobre o marxismo em particular leva-o a uma posição de esquerda impelindo-o, entretanto, a desvincular-se do comunismo; separa-se então de Sartre (1953). Sua concepção do homem engajado no mundo e na história, e refletindo a partir desse engajamento sua ideia da filosofia “coxa”, simultaneamente entre a ação e o pensamento, o “sem-sentido” e o “absoluto” (Humanismo e terror; Ensaio sobre o problema comunista, 1947; As aventuras da dialética, 1955; Sigres, 1960), acabam por caracterizar a doutrina de Merleau-Ponty como uma meditação sobre o homem tomado em sua existência concreta, ao mesmo tempo espírito e corpo, razão e carne: como uma “filosofia da ambiguidade”. Não quis jamais cortar os problemas mas aprofundá-los, e, de maneira geral, aprofundar assim as fronteiras que separam e unem a consciência e o inconsciente. — Antes de morrer, objetivava alargar sua filosofia no sentido de uma meditação sobre as relações que unem a experiência vivida à verdade pensada (em uma obra que se intitularia A origem da verdade) e depois sobre a linguagem, que nos permite desengajar-mo-nos do mundo e representá-lo (em Introdução à prosa do mundo); sua filosofia teria, finalmente, culminado numa metafísica do conhecimento (com O homem transcendental). (V. teoria da forma) [Larousse]