gr. ιδέα (idéa)
Aristóteles empenhou-se na crítica da filosofia das essências (formas) própria de Platão, especialmente na Metafísica (A, 9; Z, 14 e 15; M, 4). Ele costuma designar a essência platônica com o termo idea.
O sentido de imanência às coisas já se encontra em Pitágoras: ele atribui às essências (eide e ideai) “uma existência inseparável dos corpos” (Aécio, I, X, 2; Estobeu, Écl., I, XII, 6).
Platão emprega na esteira de Sócrates, de preferência idea, em sentido psicológico de ideia mental; assim é a ideia do Bem que temos em nosso pensamento (Crátilo, 418e; República VII, 534b): a ideia do Ser, obtida pelo raciocínio (Sofista, 254a). [Ivan Gobry]
Há uma ideia que fazemos do que é uma cama e do que é uma mesa que nos permite integrar e dar inteligibilidade às mais variadas formas e feitios de camas e de mesas. A forma de manifestação (ιδέα) não é nem a cama nem a mesa, mas o que permite integrar uma manifestação sensível num determinado sentido. A relva sobre a qual nos podemos deitar e um tronco de árvore onde podemos comer podem «fazer lembrar», «dão uma ideia» do que é, à vez, uma cama e uma mesa. O artesão faz camas e mesas, tendo em vista esta ideia íntegra e indissolúvel de cama e de mesa [República, 596b]. A ideia não é apenas nem principalmente a forma particular que cada mobília pode assumir, mas antes o que fornece a possibilidade de compreendermos o sentido de uma cama e de uma mesa, na medida em que é o que nos dá acesso ao seu uso [Rep., 596b9. Quando nós vimos à existência encontramos já prontos, se assim se pode dizer, todo um conjunto de manifestações que nós não produzimos. É verdade que uma mesa e uma cama não existiram desde sempre. Trata-se de objetos de civilização e culturais. Mas a possibilidade de os constituirmos, de precisarmos de uma mesa e de uma cama, está desde sempre pronta para nós sem que alguma vez a tenhamos produzido. Esta possibilidade segundo Platão é uma ideia.]. [CaeiroArete:58]