enantia: opostos
1. A doutrina da existência original das substâncias naturais opostas aparece pela primeira vez em Anaximandro (Aristóteles, Physica 187a). Posteriormente são isoladas quatro por Heráclito (frg. 126) e postulados como os quatro elementos irredutíveis por Empédocles (frg. 17; ver stoicheion). A oposição, como força geral, desempenha papel considerável tanto em Pitágoras como em Heráclito. Há uma lista de dez pares de opostos pitagóricos na Metafísica 986a que Aristóteles identificou com os elementos (stoicheia). Em Heráclito a função dos opostos é ao mesmo tempo mais explícita e mais obscura: há uma unidade essencial (logos) dos opostos, unidade que não é óbvia, mas que mantém a unidade-pluralidade dos opostos (cf. frgs. 1, 10, 54, 60, 88). A teoria da sensação de Parmênides é baseada no excesso de um grupo dos opostos (Diels, frg. 28A46).
2. No Fédon primitivo (70e) a passagem de um oposto a outro é a cúpula da teoria platônica da gênesis, como o vai ser para Aristóteles (Physica 188a-189b; ver gênesis). Que estes são qualidades (poiotetes) e não substâncias (Formas) até mesmo para Platão é evidente no Fédon 102b-103b. Aristóteles reduz os enantia básicos envolvidos na gênesis entre os elementos a quente e frio, seco e húmido (De gen. et corr. II, 329b-330a); ver poion, dynamis, gênesis, logos, dike. [FEPeters]