Filosofia – Pensadores e Obras

divisão do trabalho

organização social caracterizada pela repartição de tarefas entre os especialistas, e da qual o economista escocês A. Smith (1723-1796) foi o primeiro teórico. — A divisão do trabalho, necessária em toda a sociedade industrializada que emprega técnicos, apresenta: 1.° problemas sociológicos e psicológicos: o operário que se especializou numa manipulação particular, adaptada a determinada máquina, torna-se ele próprio uma máquina (exemplo: o trabalho em cadeia); tem, pois, necessidade de “lazer” muito mais premente do que qualquer outro trabalhador; 2.° problemas pedagógicos: em que idade a formação geral deve terminar e começar a especialização? O mais tarde possível, tal é a resposta (bem paradoxal), dos pedagogos, e isto, a fim de que o trabalhador tenha a capacidade de se “reajustar” mais rapidamente aos novos processos com o progresso da indústria, cujas técnicas estão, efetivamente, em perpétua metamorfose. (V. automação, taylorismo; Friedmann; lazer.) [Larousse]


Aqui e no resto deste livro, aplico a expressãodivisão do trabalho” somente às modernas condições de trabalho, nas quais uma atividade é dividida e atomizada em um sem-número de pequenas manipulações, e não à “divisão do trabalho” propiciada pela especialização profissional. Esta última só pode ser assim classificada sob a premissa de que a sociedade deve ser concebida como um sujeito único; a satisfação das necessidades desse sujeito único é então subdividida entre os seus membros por “uma mão invisível”. O mesmo se aplica, mutatis mutandis, à noção estranha de uma divisão de trabalho entre os sexos, que chega a ser considerada por alguns autores como a mais original de todas. Essa divisão presume como seu único sujeito o gênero humano, a espécie humana, que dividiu seus trabalhos entre homens e mulheres. Quando o mesmo argumento era usado entre os antigos (conferir, por exemplo, Xenofonte, Oeconomicus, vii. 22), a ênfase e o significado eram bastante diferentes. A principal divisão era entre a vida vivida dentro de casa, no lar, e a vida vivida fora, no mundo. Somente esta última era plenamente digna do homem e, naturalmente, a noção de igualdade entre o homem e a mulher, que é um pressuposto necessário para a ideia da divisão do trabalho, estava inteiramente ausente (cf. n. 81). A Antiguidade parece ter conhecido apenas a especialização profissional, que era supostamente predeterminada por dons e qualidades naturais. Assim, o serviço [work] nas minas de ouro, que ocupava vários milhares de operários, era distribuído segundo a força e a habilidade de cada um. Cf. J.-P. Vernant, “Travail et nature dans la Grèce ancienne”, Journal de psichologie normale et pathologique, v. LII, n. 1 (jan./mar. 1955). [ArendtCH, 6, Nota]