Em oposição a um conhecimento puramente empírico que só apreende fenômenos perceptíveis pelos sentidos (o aspecto das coisas, etc), o conhecimento da essência descobre a “essência”, ou seja, aquilo que o objeto é. Uma apreensão imediata e direta (isto é, não dada unicamente na reflexão sobre os próprios atos) da essência no ente concreto pode ser denominada intuição essencial (em alemão: Wesensschau). Certas formas de intuicionismo admitem uma intuição essencial independente da experiência. Inversamente, o empirismo nega toda intuição essencial, porque não possuímos outra intuição senão a experiência. Ambas as opiniões pressupõem que a experiência é puramente sensorial. Em frente a estes pontos de vista, a filosofia aristotélico-escolástica ensina uma apreensão imediata do essencial no dado empírico; este é o sentido da expressão “intelligibile in sensibili”, ou seja, um conteúdo apreensível intelectualmente no sensorial. Quando este conteúdo essencial é desligado do dado concreto e pensado em sisi mesmo, obtém-se um conceito essencial (abstração). Os conceitos essenciais são pressuposição necessária da inteleção apriorística de relações essenciais (princípios do conhecimento).
O conhecimento imediato da essência mantém-se dentro de limites muito reduzidos; a doutrina escolástica da abstração não diz, de maneira nenhuma, como por vezes se supõe, que apreendemos imediatamente e sem esforço a essência específica das coisas (p. ex., do homem, do cavalo, etc.) e que dela podemos deduzir a priori todas as determinações ulteriores. Pelo contrário, primeiramente só são apreendidas de maneira essencial certas notas — não todas — dadas sensorialmente; a medida mínima de conhecimento da essência é o fato de o ser concebido como ente. Pelo que, mais acertadamente se fala de uma apreensão imediata do “essencial”, do que de uma intuição da “essência’ simplesmente. A essência substancial das coisas só é conhecida de modo mediato, partindo do essencial imediatamente apreendido. Mesmo assim, o conhecimento da essência permanece ainda dentro de estreitos limites. As espécies da ciência natural (animais, plantas, corpos inanimados) são, as mais das vezes, conhecidas unicamente em conceitos universais empíricos, que oferecem, não a essência interna, mas somente a forma típica aparente. — De Vries. [Brugger]