Conceito universal é o conceito que pode ser atribuído como predicado a muitos, individualmente tomados, multiplicando-se neles. Em virtude desta possibilidade de atribuição a muitos, o conceito universal distingue-se do conceito particular. Pelo fato de seu conteúdo poder convir a “cada um, tomado individualmente”, opõe-se ao conceito coletivo, o qual só é predicável de muitos, mas tomados em conjunto, e não individualmente (assim, o conceito “rebanho” designa uma pluralidade de animais, nunca porém cada animal do rebanho). Dizendo que o conceito universal “se multiplica”, queremos significar que ele se distingue daquele caráter comum, pelo qual, segundo a revelação cristã, o conceito “Deus” se aplica às três Pessoas divinas e também a cada unia delas, sem que isso implique multiplicação da natureza divina. Pelo contrário, no conceito universal multiplica-se a forma (natureza) significada: Pedro é homem, Paulo é homem, Pedro e Paulo são dois homens. — Consoante a unidade de conteúdo conceptual é perfeita ou imperfeita, distinguimos conceitos universais unívocos e análogos; os primeiros são conceitos universais em sentido estrito; todavia também os segundos recebem, sem reparo, a mesma designação (analogia).
Os conceitos universais não são inatos, nem nos vêm de objetos propriamente universais, mas originam-se na abstração do particular, dado na experiência (conceito [Formação do]); também aqui a experiência interna (a consciência) assume importância decisiva. Aos conceitos originários imediatamente tomados da experiência opõem-se os conceitos derivados, que por nós são formados por composição e, muitas vezes, também, em parte, pela negação dos conceito; originários. — O conceito universal, tal como se apregoa das coisas, denomina-se conceito universal direto (universale directum). Normalmente, seu conteúdo ó, a um tempo, conteúdo ontológico de coisas reais (realismo), embora realizado de “modo diferente” daquele que se encontra no pensamento, a saber: não abstrato, despojado das demais notas da coisa, mas “coalescente” com outras notas (especialmente com a individuação), num todo concreto, formando uma unidade real. A abstratividade do conceito universal constitui o fundamento de sua predicabilidade a muitos objetos, ou seja, de sua universalidade. Na reflexão lógica sobre o conceito universal direto vem-nos expressamente à consciência esta predicabilidade; assim, podemos formar um segundo conceito universal, no qual concebemos mentalmente a essência abstrata como predicável de muitos, p. ex., o conteúdo conceptual “homem” como espécie; este segundo conceito universal chama-se conceito universal reflexo ou lógico (universale reflexum), o qual, enquanto tal não se encontra realizado na ordem ontológica, visto a universalidade pertencer também a seu conteúdo; é um ente de razão, que tem seu fundamento ontológico na realidade. O conceito universal lógico reparte-se nos cinco predicá-veis. — O conceito universal direto é conceito essencial, na medida em que traduz a essência das coisas (essência [conhecimento da]), ou conceito universal empírico, se só manifesta a forma fenomenal, comum a muitos indivíduos, sem penetrar na sua essência; desta última classe são, p. ex., os conceitos vulgares das várias espécies animais, plantas e minerais.
Sobre o valor dos conceitos universais VIDE realismo. Sua importância provém de que sem eles nenhum juízo é possível, pois, em todo juízo, ao menos o predicado é um conceito universal; com maior razão, sem eles não há possibilidade de formular um juízo universal e, por isso, — visto todo raciocínio exigir, ao menos, um juízo deste tipo como premissa — sem eles não há pensamento progressivo, nem superação da experiência imediata, nem ciência, nem qualquer espécie de metafísica. Pelo que, a desvalorização do universal conduz logicamente à desintegração da vida intelectual, preconizada pelos positivistas; no domínio da filosofia prática e da vida social, leva à dissolução de toda ordem essencial moral e jurídica e, consequentemente, à desintegração do direito natural, e também ao individualismo, pois que só possui valor o indivíduo, sua experiência individual e sua arbitrariedade. — De Vries. [Brugger]