Filosofia – Pensadores e Obras

ciclo do mundo

(gr. kyklos; in. Cosmic cycle; fr. Cycle cosmique; al. Kosmic Cyklus; it. Ciclo dei mondo).

Doutrina segundo a qual o mundo retorna, depois de certo número de anos, ao caos primitivo, do qual sairá de novo para recomeçar seu curso sempre igual. Essa doutrina foi sugerida aos mais antigos filósofos pelos eventos cíclicos constatáveis: a alternância do dia e da noite, das estações, das gerações animais, etc. A noção de C. cósmico encontra-se no orfismo, no pitagorismo, em Anaximandro (Hyp., Refut., omn. haeres., I, 6, I), em Empédocles ( Fr. 17, Diels), em Heráclito (Fr. 5, Diels) e nos estoicos; segundo estes, “quando, em seu desenvolvimento, os astros voltam ao mesmo signo e à latitude e longitude em que cada um estava no princípio, acontece, no C. dos tempos, uma conflagração e uma destruição total; depois, volta-se novamente, desde o começo, à mesma ordem cósmica e de novo, movendo-se igualmente os astros, cada acontecimento ocorrido no C. precedente volta a repetir-se sem nenhuma diferença. Haverá novamente Sócrates, novamente Platão e novamente cada um dos homens com os mesmos amigos e concidadãos: crer-se-á nas mesmas coisas, os mesmos assuntos serão discutidos e cada cidade, aldeia e campo também retornarão. Esse retorno universal não ocorrerá uma vez só, muitas vezes até o infinito” (Nemésio, De nat. bom., 38).

Na filosofia moderna, essa doutrina foi retomada por Nietzsche: para ele o eterno retorno é o sim que o mundo diz a si mesmo, a vontade cósmica de reafirmar-se e de ser ela mesma, portanto, a expressão cósmica daquele espírito dionisíaco, que exata a bendiz a vida. “O mundo se afirma por si também na sua uniformidade que permanece a mesma no decurso dos anos, bendiz-se por sisi mesmo, porque é aquilo que deve voltar eternamente, porque é o devir que não conhece saciedade, tédio nem fadiga” (Wille zur Macht, ed. 1901, § 385). O. Spengler achava que a própria história era uma sucessão de civilizações, que, como organismos vivos, nascem, crescem, declinam e morrem; por isso, todos têm em comum o ritmo do seu C. orgânico (Der Untergang des Abendlandes, I, 1932, pp. 23 ss.). [Abbagnano]