A filosofia do atomismo lógico foi exposta por Bertrand Russell. Muitas das suas ideias a respeito dele foram o resultado das suas discussões com Ludwig Wittgenstein durante os anos 1912-1914, quando este preparava o seu TRACTATUS LOGICO-PHILOSOPHICUS, que se pode considerar como um contributo decisivo para a tendência aqui referida. Russell declarou que a filosofia do atomismo lógico era consequência de certas meditações sobre a matemática e da tentativa de embeber a linguagem matemática na linguagem lógica. Isto correspondia à sua ideia de que o que importava no pensamento filosófico era a lógica em que se fundava. A filosofia de Hegel e seus seguidores tem como base uma lógica monista dentro de cujo marco “a aparente multiplicidade do mundo consiste meramente em fases e divisões irreais de uma só Realidade indivisível” (LÓGICA E CONHECIMENTO). No atomismo lógico, em contrapartida, o mundo aparece como uma multiplicidade infinita de elementos separados. Estes elementos são os átomos, mas trata-se de átomos lógicos, não físicos. Os átomos lógicos são o que fica como último resíduo da análise lógica.
Mediante a lógica do atomismo lógico, pode descrever-se o mundo como composto de fatos atômicos. O próprio Russell debateu pormenorizadamente a natureza desses fatos atômicos. O comum a qualquer fato atômico é o já não ser analisável. Mas nem todos esses fatos são iguais. Alguns baseiam-se em entidades particulares simbolizantes mediante nomes próprios; outros, em fatos que consistem na posse de uma qualidade por uma entidade particular; outros, em relações entre fatos (as quais podem ser diádicas, triádicas, etc). Os fatos atômicos não são, pois, necessariamente coisas particulares existentes, pois estas não convertem um enunciado em verdadeiro ou falso. Há fatos que se podem chamar gerais, como os simbolizados em “todos os homens são mortais”. A linguagem proposta pelo atomismo lógico é, em intenção, uma “linguagem perfeita”, isto é, mostra em seguida a estrutura lógica do que se afirma ou nega. Embora o atomismo lógico seja uma metafísica, trata-se de uma metafísica em que, segundo Russell, se cumprem duas finalidades. Uma, a de chegar teoricamente às entidades simples de que o mundo é composto. Outra, a de seguir a máxima de Ocam, ou a ele atribuída, de não multiplicar os entes mais do que o necessário. As entidades simples não são propriamente fatos, pois os fatos são “aquelas coisas que se afirmam ou se negam mediante proposições, e não são propriamente, de nenhum modo, entidades no mesmo sentido em que são os seus elementos constituintes”. Os fatos não podem nomear – se; só podem negar-se, afirmar-se ou considerar-se, embora “noutro sentido seja certo que não se pode conhecer o mundo se não se conhecerem os fatos que constituem as verdades do mundo; mas o conhecimento dos fatos é algo diferente do conhecimento dos elementos simples”. [Ferrater]