(in. Alexandrinism; fr. Alexandrinisme; al. Alexandrinismus; it. Alessandrinismó).
Entende-se por esse termo a cultura alexandrina, isto é, a cultura do período que se seguiu à morte de Alexandre Magno (323 a.C), que unificara o mundo antigo sob o signo da cultura grega centralizando-a no Egito, na nova cidade de Alexandria. A dinastia dos Ptolomeus almejou fazer dessa cidade um grande centro intelectual para o qual confluíssem a cultura grega e a oriental, mediadas e unificadas pela língua que se tornara patrimônio comum dos doutos, o grego. Cientistas e pensadores de todos os países ficavam hospedados no Museu e tinham à sua disposição um material científico e bibliográfico excepcional para o tempo. Ao Museu foi depois acrescentada a biblioteca, cujo primeiro núcleo, diz-se, foi formado pelas obras de propriedade de Aristóteles, e que depois se tornou riquíssima, até compreender 700.000 volumes. A cultura alexandrina é caracterizada pelo divórcio entre ciência e filosofia. Enquanto as pesquisas científicas, a determinação dos métodos da ciência e a sistematização dos resultados dão grandes passos nesse período, a filosofia renuncia à tarefa que constituiu a sua grandeza no período clássico: a de procurar livremente os caminhos e os modos de uma existência propriamente humana. Enrijece-se na pretensão de assegurar ao homem, a todo custo, a paz e a serenidade de espírito, e desse modo torna-se privilégio de uns poucos pensadores que conseguem isolar-se do resto da vida e dos problemas que a dominam, desinteressando-se, portanto, também da pesquisa científica. A ciência da era alexandrina conta com grandes matemáticos (Euclides, Arquimedes, Apolônio); astrônomos (Hiparco e Ptolomeu); geógrafos (Eratóstenes); médicos (Galeno). A filosofia apresenta-se dividida em duas grandes escolas: o epicurismo e o estoicismo; e em duas tendências filosóficas sustentadas por escolas diferentes: o ceticismo e o ecletismo. Pode-se dizer que é desse período que provém a noção de filosofia, ainda hoje muitas vezes predominante no senso comum, como atividade consoladora ou tranquilizante, que impede ao homem imiscuir-se nas coisas da vida comum e procura garantir-lhe a imperturbabilidade de espírito. [Abbagnano]