Alcuíno (730-804)
Nasceu em York e recebeu a primeira educação na famosa escola desta cidade, convertida por Egberto, depois da morte de Beda, no principal centro de educação da Inglaterra, e que se tornou célebre pela riqueza de sua biblioteca.
Diretor da escola de York desde 767, foi chamado em 782 a dirigir a escola palatina de Aquisgrano, por instância do imperador Carlos Magno. Salvo certas visitas na Inglaterra, foi em Aquisgrano que Alcuíno se tornou o principal instrumento da organização do ensino. Organizou os estudos da escola intelectual da nobreza e da corte. Os últimos anos, passou-os como abade em São Martinho de Tours. Morreu nesta localidade em 804.
Alcuíno não foi um pensador original. Suas obras didáticas, escritas em forma de diálogo, baseiam-se, em sua maior parte, em autores anteriores. Assim, Grammatico foi escrita nos moldes de Prisciliano, Donato, Isidoro, Beda. Rectorica é uma mera transcrição do tratado De inventione de Cícero. O mesmo se deve dizer de Dialéctica, cópia de uma obra pseudo-agostiniana sobre as categorias. E assim em outras, como De animae ratione, tirado de obras de Santo Agos-tinho e de Cassiano.
Mas não há dúvida que Alcuíno foi um mestre importante e eficaz. Foi o grande impulsor do movimento carolíngio, através de inumeráveis discípulos seus como Rábano Mauro. Seu mérito está em ter sido capaz de organizar o ensino no reino franco e, a partir daí, por toda a Europa. Ordenou seus estudos segundo as sete matérias trivium (gramática, retórica e dialética) e do quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música), por ele denominadas as sete colunas da sabedoria.
Na história do pensamento, dificilmente se pode passar por alto o trabalho exercido por Alcuíno como pedagogo e como organizador do ensino. Seu amor pelo saber e pela ciência levaram-no a enriquecer a biblioteca de Tours com cópias de manuscritos que levou de York. Esse trabalho estendeu-se ainda para o aperfeiçoamento das cópias de manuscritos. Certamente Alcuíno atendeu também à fidelidade e correção dos manuscritos da Bíblia, sendo provável sua revisão da Vulgata, encomendada pelo imperador, e que se conhece como versão de Alcuíno.
Fiel a Santo Agostinho em De ratione animae, define a alma “como espirito intelectual ou racional, sempre em movimento, sempre vivo e capaz de boa ou má vontade”. Para ele, Deus é o inefável; sua essência é impossível de se conceber e de se expressar. Em Deus tudo se identifica: o ser, a vida, o pensamento, o querer, o agir. E, no entanto, ele é a simplicidade absoluta. O destino mais alto do homem é Deus, que se alcança pela fé, pela esperança e pela caridade, e através das virtudes platônicas da prudência, justiça, fortaleza e temperança, que toma do De officiis de Cícero.
BIBLIOGRAFIA: Obras: PL; G. F. Brown, Alcuin of York 1908. [Santidrián]
Alcuíno (735-804) Natural de Nortúmbria, Alcuíno tornou-se o bibliotecário da catedral de York, antes de viajar para a corte de Carlos Magno na Francônia em 782. Desempenhou aí um papel proeminente na Renascença Carolíngia e fundou a escola do palácio em Aix-la-Chapelle, onde eram ensinadas as sete artes liberais de acordo com o sistema educacional de Cassiodoro. Seus próprios escritos incluíram obras sobre retórica, lógica e dialética, uma revisão do sacramentário gregoriano, uma edição do lecionário e colaborações para os Libri Carolini, um tratado escrito por ordem de Carlos Magno contra os Iconódulos, que tinham voltado a ocupar uma posição importante em Bizâncio em 787. Suas mais importantes contribuições eruditas são a sua revisão da Vulgata e suas volumosas cartas, as quais foram coligidas no século IX para servir como modelo de composição latina. Também teve parte ativa na condenação do arcebispo Elipando de Toledo e da heresia adocionista. Fundou uma importante biblioteca e escola na abadia de São Martinho de Tours, onde foi abade nos últimos anos de sua vida (790-804). [DIM]