ágrapha dógmata: doutrinas não escritas
Um dos métodos vulgares usados para eliminar a diferença entre o que Aristóteles diz acerca das eide platônicas e o relato preservado nos diálogos é presumir que Aristóteles, como membro da Academia, tinha acesso a material não publicado (não dissera Platão no Ep. VII, 341c que nunca publicaria nada sobre os princípios supremos?). Há apenas duas referências possíveis a este material em Aristóteles; in De anima I, 404b ele refere-se a algo chamado «Sobre a Filosofia», possivelmente uma referência ao seu próprio diálogo do mesmo nome, embora comentadores posteriores o tomassem como uma referência a uma lição platônica (cf. Simiplício, In De anima 28, 7-9), e in Physica IV, 209b onde se refere às «doutrinas não escritas» de Platão (agrapha dogmata). O que eram estas agrapha dogmata? A única possibilidade de as identificar é apenas uma lição «Sobre o Bem» que Platão deu a um público desiludido que veio para ouvir falar da felicidade mas onde, em vez disso, se tratou de matemática, geometria e astronomia (Aristóxeno, Harm. elim., II, 30-31); a ela assistiram Aristóteles e outros membros da Academia, que tiraram as suas notas mais tarde publicadas (Simplício, In Physica 151, 453); cf. arithmos.
Para um problema relacionado, no que se refere a Aristóteles, cf. exoterikoi. [FEPeters]