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forma

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

O hilemorfismo clássico distingue a forma?, o “selo” da unidade? essencial de um ente, da matéria, que, como substância plástica, recebe esta “marca”, esta “assinatura”, conferindo-lhe uma determinada entidade. A forma é um aspecto dos entes que não pode ser? apreendido quantitativamente [1], pois tem um duplo significado: reúne a designação da circunscrição de um sendo ou ente, como parte da matéria, da substância plástica que circunscreve e limita qualquer sendo; e se refere à designação dada à quintessência das qualidades de um ente.

Dessa maneira, o mundo? individual é o mundo formal, constituído por entes que existem graças a união de uma forma com uma matéria. A forma se apresenta, portanto, como arquétipo, que prescindido de seu fenômeno material? particular?, é indivisível. A forma [2] é uma unidade cognitiva, contida na unidade mais ampla do ser.


Aristóteles acredita que na percepção a forma é recebida sem a matéria. Posto que a forma é normalmente (com três exceções mal? formuladas) dita ser recebida, não percebida, nenhum problema? surge sobre um objeto? interior de percepção interpondo-se entre nós e o objeto externo de percepção. Mas quanto o que é a recepção da forma, há várias interpretações. O globo ocular recebe manchas de cor?, ou informações codificadas ou meramente nos tornamos cognitivos? Filopono   e Simplício   adotam a última interpretação: a forma é recebida cognitivamente, gnostikos. Quando a «ser sem matéria», isto? também recebeu diferentes interpretações: «sem recebimento de partículas de matéria (tais como predecessores de Aristóteles postularam), ou «sem a matéria do perceptor submeter-se a qualquer alteração ordinária». Filopono   descobre a segunda em Aristóteles, seja ou não na frase «sem matéria».

Um processo de mudança qualitativa nos órgãos dos sentidos é descartado por muitos outros comentadores, por Alexandre para prevenir a colisão de cores no vítreo do olho?, e por Temísteo, exceto para o caso do tato?, cujo órgão aceita quente, frio, duro e macio. O órgão do tato para Aristóteles está no coração, e a carne? serve como a intermediária através da qual as qualidades o afetam. [SorabjiPC1  :44]


[...] o que nos distingue de Deus? não é a essência, pois somos de essência divina (e o próprio cristianismo confessa e preconiza esta extração), mas sim a natureza? e a qualidade?, segundo e terceiro termos da tríade metafísica. Esta natureza e esta qualidade são precisamente o apanágio dos seres que fluem na corrente das formas; são estes termos que, na sucessão das modificações, especificam a forma. Podemos dizer que, aos nossos olhos, eles são a própria forma. Mas o que é, afinal, a forma? Geometricamente falando (e filosoficamente), ela é o contorno: é a aparência do Limite?. [MatgioiVM  :61]
LÉXICO: fisicalismo; forma; formal; formalismo; formalização

Observações

[1Esta forma (eidos) em Platão, dando continuidade à Pitágoras, era recebida da Ideia (idea) através do Número, uma vez que “tudo é ordenado segundo o Número”; já, em Aristóteles, esta forma devia ser abstraída do próprio objeto ou corpo, e compreendida pelas matemáticas.

[2O que caracteriza o pensamento platônico está nesta distinção capital: a forma não é do mundo da aparência, mas do mundo da inteligência, pois pode ser captada intelectivamente, e o que é mais importante, a “in-formação” da matéria é uma entidade diversa da matéria, de outra ordem distinta da materialidade (Ferreira dos Santos, 1958).