Ensinado pela escola; relativo às escolas da Idade Média, cujas características eram o respeito à tradição (de Aristóteles) e a recusa em pôr em questão a fé religiosa. — A principal discussão da “escolástica” foi a dos “universais”, isto é, da realidade ou da não-realidade das ideias gerais. Sobre esse ponto defrontaram-se nominalistas e racionalistas. (V. Abelardo, filosofia árabe, Averróis, Avicena, histórico, nominalismo, Tomás de Aquino.) [Larousse]
Escolástica deriva, etimologicamente, de schola, scholasticus (escola, mestre) e significa: ciência da escola. Quanto ao objeto significado, designamos com este termo a ciência filosófico-teológica cultivada nas escolas da Idade Média. Na exposição que segue, referimo-nos tão-somente à filosofia escolástica. — Por seu caráter peculiar, ela é primariamente filosofia cristã (filosofia cristã). A um tempo, serve à teologia (ancilla theologiae) e é, mais e mais, uma autêntica luta em torno das grandes questões da humanidade, uma ciência independente, com bases, problemas e métodos próprios. Em segundo lugar, é predominantemente assunto de escola. Isto significa respeito à tradição, reserva ante as inovações precipitadas, crescimento orgânico, conservação de um patrimônio comum de doutrina e método. Contudo, neste quadro incrementam-se o progressivo desenvolvimento criador do patrimônio herdado, a fusão deste no autêntico progresso do pensamento próprio e um intercâmbio vivíssimo, por toda a parte, de multiformes e relevantes personalidades e direções; até mesmo um gênio como S. Tomás de Aquino impõe profundas remodelações subsequentes. Prova de que a escolástica não naufragou por entre os conceitos mortos e as construções balofas, é o seu íntimo convívio com as correntes vitais da mística e sua não despicienda observação da natureza.
De sua peculiaridade nasce o método escolástico para o ensino e produção escrita. A lectio (preleção) elucidava os textos tradicionais com explicações que se consignavam em comentários. O aprofundamento global de cada questão efetuava-se em forma de diálogo conduzido segundo regras determinadas: as disputas, das quais saíam as colectâneas de quaestiones (questões). A estrutura da quaestio escolástica compreende, primeiramente, a exposição das razões pró e contra, que empostam problematicamente a questão e, de ordinário, se apoiam em autoridades; em seguida, o desenvolvimento e a demonstração da solução positiva e, finalmente, a resposta às objeções propostas. Muitas vezes, os comentários aproveitam também este esquema, com o fim de anexar aos textos ideias próprias, após a exposição independente das questões, e valem-se dele, de modo especial, as grandes Sumas teológicas para apresentarem, em amplos moldes, as linhas, de sua vasta sistemática. A par disso usava-se também uma forma livre, p. ex., na Suma filosófica (“Summa contra Gentiles”) do Aquinense, em breves trabalhos de investigação (opuscula), dedicados a pesquisas especiais. Características do método escolástico são sempre a posição nítida da questão, a clareza de conceitos, a argumentação lógica e a terminologia sem ambiguidades.
Três fontes concorreram para o nascimento da escolástica. Dentre os escritores da Patrística, S. Agostinho exerceu influência imensa. O neoplatonismo atua através de S. Agostinho, do Pseudo-Areopagita, de Proclo e da filosofia arábico-judaica. Mas o cunho, que lhe é peculiar provém de Aristóteles, primeiramente conhecido através de Boécio, e cujas obras completas foram sucessivamente vertidas para latim desde meados do século XII. Acrescentem-se a isto os comentários gregos e árabes (especialmente de Avicena e Averróis) e as demais obras da filosofia arábico-judaica. Na evolução da filosofia escolástica distinguimos três períodos: escolástica primitiva, apogeu da escolástica, e escolástica tardia. O caminho foi preparado pela pré-escolástica, a qual só transmite o existente, o que está presente; nela sobressai, no século IX, João Escoto Eriúgena com um sistema idealista de tendência panteísta. A escolástica primitiva abarca os derradeiros anos do século XI e século XII; abre com S. Anselmo de Cantuaria, o “pai da escolástica”. No primeiro plano, surge o problema dos universais, ao qual comunicou grande impulso Pedro Abelardo, que procura encontrar uma via média entre o nominalismo e o ultra-realismo. Entre as escolas desta época, importa mencionar principalmente a de S. Vítor e a de Chartres. Além das novas fontes descobertas, possibilitam o apogeu da escolástica a fundação das universidades (especialmente a de Paris) e a atividade científica das Ordens mendicantes. O agostinianismo da antiga escola fransciscana (com Alexandre de Hales e S. Boaventura) e da escola dominicana é sobrepujado pelo aristotelismo cristão da nova direção da escola dominicana. Coube a S. Alberto Magno a empresa de unir Aristóteles com a herança agostiniana, empresa que foi completada por S. Tomás de Aquino, o mentor e mais potente sistematizador da grande escolástica. De cunho aristotélico é igualmente a nova escola fransciscana, muito embora continue trilhando a linha agostiniana; esta nova direção tem seu ponto de partida no crítico João Duns Scotus e, por tal motivo, se denomina scotismo. Em oposição a estas correntes cristãs surge um aristotelismo filosófico puro particularmente o averroísmo a-cristão de Siger de Brabant. A escolástica tardia, dos séculos XIV e XV, é constituída por escolas de diversas Ordens religiosas e realiza trabalhos importantes no domínio da investigação da natureza (como, aliás, anteriormente, S. Alberto Magno e Rogério Bacon). Também a mística alemã possa por uma fase de inflorescência; nela, Mestre Eckhart admite o neoplatonismo. Todavia, como regra geral, começa a faltar o ímpeto criador; o pensamento perde-se em sutilezas formalísticas; especialmente Guilherme de Occam atua de modo dissolvente, com o seu nominalismo. A escolástica assim degenerada defronta-se com o humanismo; as críticas deste ainda hoje perduram, sem todavia afetarem a escolástica clássica. A escolástica tem, certamente, suas limitações; a epistemologia é pouco desenvolvida e sua compreensão da história é quase nula. Contudo sua importância permanece imorredoura, porque ela é que elabora sistematicamente, pela vez primeira, a filosofia cristã, assentando-lhe os alicerces. Seu conceito não violenta, como formalismo morto, o dado concreto, mas elucida-o intrinsecamente em sua estrutura essencial. Por isso, a filosofia cristã de todos os tempos só pode converter-se em realidade, mediante ulterior ampliação orgânica da escolástica (neo-escolástica). — Lotz. [Brugger]
Do latim, schola, escola, e scholasticus, mestre-escola e o que se ensina na escola. A filosofia chamada cristã compreende a patrística, a medieval, que é escolástica, e a escolástica pós-medieval. A patrística é a filosofia dos primeiros padres da Igreja que, em luta com o paganismo e as heresias, utilizam a filosofia grega e especialmente o platonismo e o neoplatonismo, na formulação, elucidação e defesa do dogma. No mundo romano, até a conversão de Constantino, no século IV, os cristãos representavam a oposição, a negação do statu quo, do politeísmo tradicional e da escravidão, sustentáculo econômico do Império. Perseguidos e martirizados, eram compelidos, no trabalho de catequese, a fazer do pensamento uma arma de defesa e propagação da fé. Embora contenha elementos filosóficos, a patrística é essencialmente apologética, sendo a primeira reflexão sobre o dogma em um mundo não ainda cristão.
Na Idade Média, a situação histórica se altera radicalmente, pois o mundo no qual pensam os cristãos é um mundo cristão, quer dizer, determinado pelo cristianismo na totalidade de suas manifestações. Há uma crença vigente, que é ponto de referência para o pensamento e critério da verdade. As divergências ocorrem em um mesmo contexto espiritual, e não põem em questão, não criticam o fundamento desse mundo, o conteúdo da revelação, o dogma. As exigências que se apresentam aos cristãos filósofos não são mais as mesmas pois o pressuposto de que partem não é o paganismo, mas o próprio cristianismo. Trata-se agora de pensar em um mundo já convertido, já configurado em função das crenças e dos valores cristãos. A filosofia pode, então, deixar de ser apologética para tornar-se docente, magisterial ou escolástica.
Com as invasões bárbaras, a “cultura”, representada especialmente pelos livros, refugiou-se nos mosteiros, abadias e conventos, motivo pelo qual se costuma dizer que a Igreja salvou a cultura na Idade Média, absorvendo os “bárbaros”, como a Grécia absorveu culturalmente Roma. Após o longo interregno que se segue à morte de Santo Agostinho (430), o chamado renascimento carolíngio assinala o advento de nova época na história do pensamento cristão. As “capitulares” de 787 recomendam, em todo o Império, a restauração das antigas escolas e a fundação de novas. As que então se inauguram incluem as monacais, junto aos mosteiros, interiores, para religiosos, e exteriores, para leigos; as catedrais, junto à sede dos bispados, umas para clérigos e outras para seculares, e as palatinas, junto às cortes, religiosas, mas abertas a clérigos e leigos.
Devem ser mencionadas, entre as monacais, as beneditinas, de Fulda, na Alemanha, e de York, na Inglaterra; as de Saint Martin de Tours e Fleury-sur-Loire, na França; entre as catedrais, as de Laon, Reims e Chartres, Cluny e Auxerre. Quanto aos programas de ensino, compreendiam as artes chamadas liberais, que se desdobravam em trivium, gramática, retórica e dialética, e quadrivium, aritmética, geometria, astronomia e música; ciências da natureza, filosofia e teologia. A escola, assim como a corporação, é uma comunidade de trabalho, que funciona em estreita colaboração com a Igreja, o que lhe assegura organização estável e continuidade de pensamento. A “escolástica” torna-se, assim, um patrimônio comum, um saber tradicional que se transmite e enriquece de geração em geração.
O ensino é, em geral, ministrado na forma de leitura, lectio, e comentário de textos. Além das Sagradas Escrituras, entre os livros mais estudados devem mencionar-se o Organon, de Aristóteles, traduzido em parte, o Timeu, de Platão, os comentários de Porfírio e Boécio às obras desses filósofos, as obras de Cícero e de Séneca, os textos dos Padres, Orígenes, Clemente de Alexandria, Santo Ambrósio, Pedro Lombardo e, de modo especial, Santo Agostinho, que, até o século XIII, domina o pensamento medieval. À simples leitura comentada dos textos, acrescentou-se, com o tempo, a discussão, quaestio, e a elaboração de trabalhos e composições pessoais.
Tal modalidade de prática docente suscita diversos gêneros literários, característicos da escolástica: os comentaria, exegese dos textos; as quaestiones, que incluíam as quaestiones disputatae e as quaestiones quodlibetales, compilação dos debates, registrando os argumentos apresentados e as soluções encontradas; os trabalhos individuais, dissertações e monografias, opuscula; e, finalmente, as grandes sínteses que procuravam sistematizar a totalidade do saber, as sumas, teológicas e filosóficas, entre as quais devem ser mencionadas, por sua excepcional importância, a Suma Teológica e a Suma contra os Gentios» de Santo Tomás de Aquino.
Filosofia de clérigos, de religiosos, que floresce não só em um mundo cristão, mas no seio da própria Igreja, sob seu magistério e jurisdição, a escolástica, além das características formais, que acabamos de apontar, apresenta outras, mais importantes, porque relativas a seu conteúdo e significação. Surgindo em um mundo cristão, seus pressupostos são as crenças básicas em que esse mundo se fundamenta, radicalmente distintas das que configuravam o mundo antigo, greco-romano. Os problemas que se apresentam à filosofia são suscitados pela revelação. As ideias de Deus, uno e trino ao mesmo tempo, de criação do mundo a partir do nada, de imortalidade pessoal, do homem à imagem e semelhança de Deus, a noção de história, implícita no relato bíblico, criação, pecado original, redenção e juízo final, são ideias religiosas que provocam uma especulação tipicamente metafísica ou filosófica.
A noção de “filosofia cristã”, no entanto, embora constantemente empregada, a rigor, representa uma contradição nos termos, pois o cristianismo é religião e a filosofia conhecimento racional. Historicamente, porém, a escolástica consiste nesse paradoxo, de uma filosofia que pretende ser, ao mesmo tempo, racional e religiosa,
motivo por que seu problema mais grave é o das relações entre a razão e a fé. Que liberdade terá a razão, se o dogma limita a priori seus movimentos, e se o critério da verdade não é nem a experiência nem a concordância da razão consigo mesma? Se a reflexão só é filosófica na medida em que consiste em uma problematização radical, que tudo põe em questão, como conciliá-la com o repertório de dogmas que representam, por hipótese, uma verdade indiscutível, revelada por uma instância meta ou trans-racional?
Há, sem dúvida, um conteúdo filosófico na obra dos padres e dos escolásticos, que deve ser levado em conta pela história da filosofia. Todavia, como escreve Hegel, “o conteúdo não repousa em sisi mesmo, não é justificado pelo próprio pensamento, mas encontra sua última justificação na doutrina da Igreja. O pensamento devia demonstrar por sisi mesmo aquilo de que a Igreja, por seu método próprio, já havia estabelecido a Verdade”. A rigor, portanto, não há uma filosofia cristã, mas uma filosofia que “se desenvolve no interior do cristianismo” e, obedecendo às exigências da razão e da história, evolui na condição subalterna de ancilla theologiae, e do compromisso que consiste em distinguir duas verdades, uma natural e outra sobrenatural, a primeira acessível à luz natural da razão e a segunda à luz sobrenatural da fé, verdades que, por serem distintas, não poderiam contradizer-se, para a condição de instância última e única, que tudo julga, põe em questão e critica, pois como escreve Hegel “a razão nada de estranho pode tolerar junto dela, e muito menos acima dela”.
A essas etapas da evolução da filosofia no interior do cristianismo correspondem, historicamente, as fases de formação, do século IX ao XII, de apogeu, no século XIII, e decadência, do século XIV ao XVII, da filosofia escolástica. Da submissão à fé, representada pela Igreja, instância heterônoma em face da razão, e da posição de compromisso, a filosofia evolui, acompanhando a desintegração do feudalismo e o advento do mundo burguês, até alcançar, com Descartes e o idealismo alemão, sua plena autonomia. A história da escolástica apresenta-se, assim, como a história da razão humana, em determinado momento de sua evolução, exprimindo, inicialmente, a. alienação, na sujeição ao dogma, em seguida, a consciência da alienação, na doutrina das duas verdades, e, finalmente, a negação da alienação (da negação), na ruptura definitiva da razão e da fé, e na afirmação de que o real, em sua totalidade, natureza e história, é racional e de que nada pode resistir à força da razão.
A decadência da escolástica, a partir do século XIII, exacerba os caracteres formais já apontados. Desde que, com Guilherme de Occam, as verdades da fé são consideradas inacessíveis à razão, a filosofia, que procura compreender e explicar essas verdades, torna-se um formalismo oco, discussão no vazio de textos e temas que perderam a vigência histórica. O ensino livresco, o emprego abusivo do silogismo, o verbalismo das fórmulas abstratas, a complacência no debate gratuito e inconsequente, o dogmatismo estéril, tornam-se, na decadência, características da escolástica que, desde então, passa a assumir conotação pejorativa. “Toda filosofia, escreve Gilson, engendra sua escolástica… Toda filosofia digna desse nome parte do real e a ele retorna, toda escolástica parte de uma filosofia e a ela retorna. A filosofia degenera em escolástica sempre que, em lugar de refletir sobre o concreto existente, a fim de aprofundá-lo, penetrá-lo e esclarecê-lo, cada vez mais, aplica-se a fórmulas propostas para esclarecê-lo, como se tais fórmulas, e não o que iluminam, fossem a própria realidade”. A transformação da filosofia em escolástica, no mau sentido, corresponde, pois, à esclerose do pensamento que se esvazia de conteúdo, perde o contato com a realidade e se torna mero jogo intelectual, ocioso e inconclusivo. [Corbisier]
(in. Scholasticism; fr. Scolastique; al. Scholastik; it. Scolastica).
1. Em sentido próprio, a filosofia cristã da Idade Média. Nos primeiros séculos da Idade Média, era chamado de scholasticus o professor de artes liberais e, depois, o docente de filosofia ou teologia que lecionava primeiramente na escola do convento ou da catedral, depois na Universidade. Portanto, literalmente, escolástica significa filosofia da escola. Como as formas de ensino medieval eram duas (lectio, que consistia no comentário de um texto, e disputatio, que consistia no exame de um problema através da discussão dos argumentos favoráveis e contrários), na escolástica a atividade literária assumiu predominantemente a forma de Comentários ou de coletâneas de questões (v. questão).
O problema fundamental da escolástica é levar o homem a compreender a verdade revelada. A escolástica é o exercício da atividade racional (ou, na prática, o uso de alguma filosofia determinada, neoplatônica ou aristotélica) com vistas ao acesso à verdade religiosa, à sua demonstração ou ao seu esclarecimento nos limites em que isso é possível, aprestando um arsenal defensivo contra a incredulidade e as heresias. A escolástica, portanto, não é uma filosofia autônoma, como, p. ex., a filosofia grega: seu dado ou sua limitação é o ensinamento religioso, o dogma. Para exercer essa tarefa, não confia apenas nas forças da razão, mas chama em seu socorro a tradição religiosa ou filosófica, recorrendo às chamadas auctoritates. Auctoritas é a decisão de um concilio, uma máxima bíblica, a sententia de um padre da Igreja ou mesmo de um grande filósofo pagão, árabe ou judaico. O recurso à autoridade é a manifestação típica do caráter comum e supra-individual da investigação escolástica, em que cada pensador quer sentir-se apoiado pela responsabilidade coletiva da tradição eclesiástica.
A escolástica medieval costuma ser distinguida em três grandes períodos: 1) a alta escolástica, que vai do séc. IX ao fim do séc. XII, caracterizada pela confiança na harmonia intrínseca e substancial entre fé e razão e na coincidência de seus resultados; 2) o florescimento da escolástica, que vai de 1200 aos primeiros anos do séc. XIV, época dos grandes sistemas, em que a harmonia entre fé e razão é considerada parcial, apesar de não se considerar possível a oposição entre ambas; 3S dissolução da escolástica, que vai dos primeiros decênios do séc. XIV até o Renascimento, período em que o tema básico é a oposição entre fé e razão.
Esse conceito da escolástica foi extraído da obra fundamental de M. Grabman, Die Geschichte der scholastichen Methode (1909, reimpr. 1956). Não faltaram tentativas de considerar a escolástica como uma síntese doutrinária completa, na qual confluíam e fundiam-se contribuições individuais (p. ex., por parte de De Wulf, Histoire de la philosophie médiévale, 1900, e ed. seguintes), mas essas tentativas não têm base histórica e reduzem-se a alijar da escolástica grande número de autores e a estabelecer concordâncias e uniformidades fictícias entre os outros (cf. Abbagnano, Storia della fil., 2- ed., 1958, 1, § 171, e a bibliografia correspondente).
2. Por extensão, pode-se chamar de escolástica qualquer filosofia que assuma a tarefa de ilustrar e defender racionalmente determinada tradição ou revelação religiosa. Para isso, via de regra, essa escolástica lança mão de uma filosofia já estabelecida e famosa; de tal sorte que, nesse sentido, a escolástica é a utilização de determinada filosofia para a defesa e a ilustração de determinada tradição religiosa (v. filosofia). Nesse sentido genérico são muitas as escolástica, tanto na Antiguidade quanto no mundo moderno: na Antiguidade o neo-platonismo, o neopitagorismo, etc.; na Idade Média, a filosofia dos árabes e dos judeus; no mundo moderno, são escolásticas as filosofias de Malebranche, de Berkeley, da direita hegeliana, de Rosmini, de muitos espiritualistas, etc. [Abbagnano]