Tomemos a "virada linguística". Para muitos filósofos atuais, se quiséssemos fornecer o conteúdo da mente, deveríamos recorrer não a pequenas imagens na mente, mas a algo como sentenças consideradas verdadeiras por um agente ou, mais coloquialmente, as crenças da pessoa. Essa mudança é importante, mas mantém a estrutura de mediação intacta. O elemento mediador não é mais algo psíquico, mas sim "linguístico". Isso permite que ele seja, de certa forma, "externo", no sentido da distinção (…)
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cérebro etc
enkephalos / ἐγκέφαλος / cérebro / brain / κεφαλή / kephale / cabeça / mens / mind / mente / crânio / cráneo / calvarium
gr. enkephalos = cérebro
O que é verdade para o Sol e para a Lua vale também para o coração e o cérebro, ou, melhor dizendo, para as faculdades às quais esses dois órgãos correspondem e que são por eles simbolizadas, isto é, a inteligência intuitiva e a inteligência discursiva ou racional. O cérebro, enquanto órgão ou instrumento desta última, só desempenha na verdade uma função de "transmissor" ou, se quisermos, de "transformador". Não é sem razão que a palavra "reflexão" é aplicada ao pensamento racional, pela qual as coisas são vistas como que num espelho, quasi per speculum, como diz São Paulo . E também não deixa de ter razão o fato de que a mesma raiz, man ou men, serviu em diversas línguas para formar inúmeras palavras que designam, de um lado, a Lua (mene grego, moon inglês, mond alemão [1]) e, por outro lado, a faculdade racional ou o "mental" (manas sânscrito, mens latino, mind inglês; v. memória), e também, por consequência, o homem considerado em particular segundo a natureza racional pela qual ele se define especificamente (sânscrito manava, inglês man, alemão mann e mensch; v. Minerva). A razão, de fato, é apenas uma faculdade de conhecimento mediato, o modo propriamente humano da inteligência. Já a intuição intelectual pode ser chamada de suprahumana, pois representa uma participação direta da inteligência universal que, por residir no coração, isto é, no próprio centro do ser onde se encontra o ponto de contato com o Divino, penetra o ser pelo interior e o ilumina com sua irradiação. [René Guénon: coração e cérebro]
Ananda K. Coomaraswamy nos señala que la misma observación se aplica a los "túmulos" prehistóricos, cuya forma parece haber imitado a menudo intencionalmente la del cráneo; como, por otra parte, el "túmulo" o el montículo es una imagen artificial de la montaña, la misma significación debe atribuirse también al simbolismo de ésta. A tal respecto, no carece de interés notar que el nombre del Gólgota significa precisamente ‘cráneo’, así como la palabra Calvarium que es su traducción al latín; según una leyenda que tuvo curso en la Edad Media, pero cuyo origen puede remontarse mucho más lejos, esa designación se referiría al cráneo de Adán, quien habría sido enterrado en ese lugar (el que, en un sentido esotérico se identificaría con la montaña misma), y esto nos reconduce aún a la consideración del "Hombre universal"; ese cráneo es el figurado a menudo al pie de la cruz; y sabido es que ésta constituye otra representación del "Eje del Mundo". [René Guénon: A CÚPULA E A RODA]
[1] Daí também o nome do "mês" (latim mensis, inglês month, alemão monat) que é exatamente a "lunação". A mesma raiz se liga ainda à ideia de medida (latim mensura) e de divisão ou de repartição; mais isso nos levaria longe demais.