Filosofia – Pensadores e Obras

Categoria: Fernandes, Sergio L de C

  • A noção de “metodologia é muito ambiciosa, pois a logia da palavra ‘metodologia’ sugere que se possa usar a lógica para [67] conhecer o método. Ora, “método”, por sua vez, é o caminho para uma meta. De que maneira a lógica nos poderia ajudar a conhecer esse caminho? A implicação material parece ser a única…

  • Quando se trata de ensaio-e-erro, conhecimento ou explicação, que considero um trio indissociável, supõe-se ordinariamente que seria um círculo vicioso ou uma petição de princípio, pressupor ou incluir explicitamente, no conteúdo daquilo que se vai usar para explicar (o explicam, premissas, etc.) justamente aquilo mesmo que se pretende explicar (o objeto da explicação, o explicandum).…

  • Bem… nossas investigações acerca dessas teses poderíam chamar-se de “Antropologia”. Mas há uma “antropologia física”, que é uma ciência biológica; outra “cultural”, que é uma ciência… digamos, “social”. Há quem pense que haja antropologias “religiosas”. E, finalmente, ainda há uma outra, cujo estatuto acadêmico é tido — injustamente! —, em certos departamentos de Filosofia, como…

  • A consciência pode bem ser concebida como uma “unidade”, mas o risco é enorme. Arriscamo-nos a identificá-la, primeiro, como o “sujeito que eu sou” e, depois, se tivermos pendores neo-cartesianos, ou seja, fenomenológicos, como o “Sujeito transcendental”. Será essa unidade que a Consciência é, aquilo que faz com que cada um de nós seja cada…

  • Voltemos às duas linhas, de tamanhos diferentes ou iguais, do Capítulo anterior. O que as torna “evidentemente” identificadas como “de igual tamanho”, ou “de tamanhos diferentes”? A adoção, sem questionar, de teorias, que funcionam como pontos cegos que permitem ver. Essas teorias foram postas por mim num continuum, das incorporadas biologicamente e muito resistentes a…

  • Vejamos como é necessário que eu diga “eu” sem saber quem sou, ou seja, vejamos como é necessário que eu só possa dizer “eu” na inconsciência, ou fora da consciência. Quando eu “introspecto”, tenho diante de mim um objeto. Que esse objeto seja “eu mesmo”, “meu estado mental”, o que chamo equivocadamente de “minha consciência…

  • Ora, o falso sempre é dualidade — dizemos que ele “gera” dualidade apenas porque estamos num jogo de luz. Essa falsidade se chama “Identificação”, e esta é a primeira dualidade: de um [156] lado, “isso que se identifica”; de outro, “aquilo com que isso se identifica”. Mas não havia, no nosso jogo, no sentido próprio…

  • Partimos da Luz. Agora temos transparência. Embora do ponto de vista estritamente fenomenológico, a substituição tenha sido total, como acabamos de notar acima, o que fizemos foi substituir [153] a Realidade pela Aparência. Mas uma tal substituição é uma implementação primária de uma distinção entre Aparência e Realidade, o que necessariamente projeta a Realidade para…

  • No entanto, o que se trata agora de compreender é nossa incompreensão mesma. No Capítulo precedente, terminamos num jogo de luz. A primeira condição desse “Jogo”, ou “Ontologia”, é, no símile adotado, Luz difusa, sem fonte discernível. Não sugiro que essa Luz seja o Ser Primevo, o Plenum Ôntico, a Consciência Absoluta, ou Deus. Não…

  • No meu entender, a Filosofia nasce — e isto não é uma observação histórica! —, não de especulações físicas, ou cosmogônicas; não como uma proto-ciência, ou como a “mãe” de todas as ciências; mas, sim, de um abismo, de um abismar-se, num desdobramento original e, por excelência, enigmático, em nós mesmos. Ela não é a…

  • O leitor se lembrará de que uso as Introduções para explicar o conteúdo de cada parte dos livros que escrevo, e de que leu na Introdução (e também no primeiro Capítulo) antecipações do conteúdo deste que agora lê, desta Seção mesma, e que vou repetir aqui, de maneira resumida, mas destacando algumas teses, como se…

  • Escrever a última Seção [A Questão da Ética], em que apenas rapidamente desloco a valoração das suas supostas origens num “agente livre e moralmente responsável” para a reatividade inconsciente da Mente, do Pensamento e da Linguagem está em consonância, assim como a própria “desconstrução” da problemática da Ética, com o “espírito do tempo” — o…

  • Passemos, portanto, do “departamento” de Epistemologia ao “departamento” de Ética. A ideia do “dever ser” é, na cultura humana, a marca do desastre, a chaga aberta na Consciência pela inconsciência, o sintoma do desequilíbrio, da desarmonia e do conflito, o lugar hipersensível da dor e do sofrimento, a principal estrutura de sujeição, a rede obscurecedora…

  • Em que consistiria, para qualquer coisa (organismos individuais da nossa espécie, robôs, etc.), ser ou não ser humana — “verdadeiramente” humana — pode parecer óbvio para todos nós, pelo menos em nossos estados de espírito menos reflexivos, mas basta pensar mais um pouco a respeito do assunto e a questão se revela enigmática. Na verdade,…

  • Por meio de uma Ontologia da Experiência (como em Ontologia, na minha concepção, não há dinâmica alguma, dei ao primeiro Capítulo o título de “Estrutura da Experiência” ), exponho a tese de que, em nossa “verdadeira natureza”, em nosso ser-em-si, somos experiências, não as “temos”. É o instrumento constituído pela mente, pelo pensamento e pela…

  • Já não foi fácil ter coragem para dizer, nas duas Seções precedentes, nas barbas de Platão, de cuja obra toda a Filosofia Ocidental não passa de um comentário — e foi o tê-lo dito que me fez ter querido dizê-lo! —, que não havia relação alguma entre o Ser e o Bem. Há de haver…

  • Quais são as ideias fundamentais da Ética disciplinar? Não da “ética” descritiva, o que é uma contradição em termos, pois seria o tomar o normativo com factual. Tampouco da “ética” prudencial, interesseira: “Se quiseres isto, então faça aquilo”. Menos ainda da ética “normativa”, enquanto pretensão de conhecimento, digamos substantivo, de “valores” éticos determinados. Estes, na…