Filosofia – Pensadores e Obras

Categoria: Derrida, Jacques

  • — Imagine alguém que cultivasse o francês. Isto que se chama francês. E que o francês cultivaria. E que, sendo um cidadão francês, seria, portanto, um sujeito, como dizemos, da cultura francesa. E um dia esse sujeito da cultura francesa viria até você e diria, por exemplo, em bom francês: “Só tenho uma língua, não…

  • Mesmo que palavras como “crime contra a humanidade” façam agora parte da linguagem quotidiana. Este acontecimento foi, ele próprio, produzido e autorizado por uma comunidade internacional numa data específica e de acordo com um padrão específico da sua história. Uma história que se entrelaça, mas não se confunde, com a história de uma reafirmação dos…

  • Por isso, arrisco-me a fazer esta proposta: sempre que o perdão serve um objetivo, por mais nobre e espiritual que seja (redenção, reconciliação, salvação), sempre que visa restabelecer a normalidade (social, nacional, política, psicológica) através do trabalho de luto, através de uma qualquer terapia ou ecologia da memória, então o “perdão” não é puro —…

  • No § que se segue [em GA29-30] à confissão sem confissão, e ao compromisso de se afastar da Täuschung a propósito da Täuschung em Sein und Zeit, Heidegger sublinhará sucessivamente, colocando-as em itálico, as palavras “Möglichkeit” (possibilidade) e “Vermögen” (poder, faculdade, etc.). A raiz comum, Mögen, de que já falamos longamente, autoriza esta transição, mesmo…

  • Cada vez que se encontra a palavra “espírito” nesse contexto e nessa série, dever-se-ia assim, segundo Heidegger, reconhecer aí a mesma indiferença: não só quanto à questão do ser em geral [28] mas quanto à do ente que somos, mais precisamente, quanto a esta Jemeinigkeit, este sempre-ser-meu do Dasein que não remete, de início, a…

  • […] Heidegger que diz, eu lembro, em Introdução à metafísica, que não é senão tardiamente, depois do acontecimento (Geschehnis), depois da aparição consciente, ciente, sapiente (die wissende Erscheinung des Menschen als des geschichtlichen) do homem como homem historial, que não foi senão depois dessa acontecimentalidade historial, e, portanto, tardiamente, que se definiu (Heidegger coloca a…

  • Mais interessante ainda para nós, nesse contexto, seria o modo como Heidegger, no mesmo movimento interpretativo — e a interpretação do logos também é uma espécie de exercício de [454] força ou de violência, de Gewalt —, [o modo como Heidegger] situa e interpreta o conceito cristão de logos no Novo Testamento, aquele mesmo que…

  • Que se chama então de espírito, Geist? No Sein und Zeit, trata-se, de início, de uma palavra cujo significado permanece mergulhado numa espécie de obscuridade ontológica. Heidegger o recorda e pede, quanto a isto, a máxima vigilância. Essa palavra remete a uma série de significados que têm um traço comum: opor-se à coisa, à determinação…