Filosofia – Pensadores e Obras

Categoria: Mito – Mistérios – Logos

  • Estamos no termo de um longo diálogo rico em peripécias (República X) mas que em nenhum momento perdeu seu fio diretor: a justiça. Resta mostrar em um último debate que a virtude e seu contrário não recebem sua verdadeira sanção senão na vida futura. Para dar a seu discurso seu caráter de revelação divina, Sócrates…

  • Excertos de Edith Hamilton, «MITOLOGIA» O maior herói da Grécia foi Hércules, personagem proeminente mas a nível completamente diferente do de Teseu, o grande herói de Atenas. Em toda a Grécia, com excepção de Atenas, Hércules foi o mais admirado. Os Atenienses tinham outro espírito em relação aos restantes gregos, e o seu herói devia,…

  • Hermes de sandálias aladas tinha por pai a Zeus, o espaço celeste de onde proveem os ventos e, por mãe, a Maia, uma Ninfa das chuvas. As águas do Céu, com efeito, escapando do seio cavernoso das nuvens, parecem dar nascimento e empurrar à sua frente o Deus do vento, Hermes. Dizem que esse divino…

  • Os Deuses, para punir-lhe o orgulho inflexível e o coração empedernido, despertaram-lhe uma paixão estranha. Conta-se que uma vez, para descansar das fadigas do dia e dos tórridos calores do verão, Narciso foi sentar-se próximo a uma fonte, tão transparente e tão calma, que suas águas eram polidas como um espelho. As árvores que, defendendo…

  • Foi ao divino coxo, Hefestos, que Zeus confiou o cuidado de fabricar a primeira mulher. Para obedecer à ordem de seu pai, Hefestos destemperou a argila, amassou-a e modelou-a sob as formas de uma virgem radiosa, parecida com as Deusas que habitavam o Olimpo. Terminada essa estátua, deu-lhe, como alma, uma faísca de fogo. Seus…

  • O mito do nascimento de Eros, contado no Banquete, faz aparecer no banquete outra mulher, também não convidada ao banquete de Afrodite. Trata-se de Penia, personificação mesma da Miséria, da Pobreza, que, na noite do nascimento de Afrodite, enquanto os deuses festejavam a vinda da deusa do Amor, vem mendicar algumas migalhas do festim. Vendo…

  • Advindo da união mítica de Poros e de Penia, o elã amoroso para o saber que encarna a filosofia, sob a égide de Eros, toma a forma racional do casamento de Peras e de Apeiron: à abertura da “passagem” (poros) onde vem passar, errante, a “miséria” (penia), responde a “completude” (peras) da forma que põe…

  • Se a criação da primeira mulher foi obra do divino ferreiro, foi também a um Gênio do fogo, Prometeu, que coube a tarefa de criar o primeiro homem. Como Hefestos, Prometeu serviu-se do limo e da terra para modelar o corpo do primeiro ser humano; mas, em lugar de molhar a argila com água, dizem…

  • Os estudiosos designaram Arcaica a Época em cujos umbrais Hesíodo viveu e compôs seus cantos. Na Grécia, os séculos VIII -VII a.C. testemunharam a germinação ou transplante de instituições sociais e culturais cujo florescimento ulterior transmutaria revolucionariamente as condições, fundamentos e pontos de referência da existência humana: a polis, o alfabeto e a moeda. No…

  • GUTHRIE, W. K. C., «THE RELIGION AND PHILOSOPHY OF THE GREEKS», C. A. H„ 2.a ED., VOL. II, CAP. XL, CAMBRIDGE, 1961, PP. 35-36 «Parece ter sido um traço comum das primitivas crenças cosmogônicas dos Gregos, compartilhadas com as do Oriente Próximo e de outros lugares, que no princípio tudo estava fundido em uma massa…

  • CONCLUSÕES RESUMIDAS DE STAUDACHER, DIE TRENNUNG VON HIMMEL UND ERDE, TÜBINGEN, 1942 (HC, § 21) O mito da separação das duas grandes regiões cósmicas é universal: Staudacher (1942) descreveu as variantes disseminadas pelo mundo inteiro — tribos africanas, Egito Antigo, Grécia Moderna, literatura babilônica e judaica, Hurritas e Fenícios, na índia, Sibéria, Ásia Oriental, Indonésia,…

  • EURÍPIDES, FRG. 484 (NAUCK) O mito não é meu, vem de minha mãe: Céu e Ter a eram uma forma só. De vez que separados foram em dois, Geraram todas as coisas e as deram à luz: Árvores, pássaros, animais da terra, aqueles que o mar sustenta, E a estirpe dos mortais…

  • ENUMA ELISH (INÍCIO) Quando em cima o céu ainda não fora nomeado, Em baixo a terra firme ainda não tinha nome, Nada (havia) senão o primordial Apsu, que a todos procriou, E Mummu-Tiamat, que a todos gerou, Suas águas misturando em um corpo só.

  • No decurso dos últimos cinquenta anos, a confiança do Ocidente neste monopólio da razão foi todavia abalada. A crise da física e da ciência contemporâneas minou os fundamentos — que se julgavam definitivos — da lógica clássica. O contato com as grandes civilizações espiritualmente diferentes da nossa, como a da Índia e a da China,…

  • Em uma primeira versão, a narrativa descreve as aventuras de personagens divinas1: Zeus luta pela soberania contra Tifão, dragão de mil vozes, força de confusão e de desordem. Zeus mata o monstro, cujo cadáver dá nascimento aos ventos que sopram no espaço separando o céu e a terra. Depois, incitado pelos deuses a tomar o…

  • Nesta segunda versão do mito, reconhece-se a estrutura de pensamento que serve de modelo a toda a física jônia. Cornford dá esquematicamente a seguinte análise: 1.°) no começo, há um estado de indistinção onde nada aparece; 2.°) desta unidade primordial emergem, por segregação, pares de opostos, quente e frio, seco e úmido, que vão diferenciar…

  • Função real e ordem cósmica estão já dissociadas em Hesíodo. O combate de Zeus contra Tifão para obter o título de rei dos deuses perdeu o significado cosmogônico. É necessária a ciência de um Cornford para despistar nos ventos que nascem do cadáver de Tifão aqueles que, entranhando-se no interior de Tiamat, separam o céu…

  • A física jônia reúne-se a uma corrente de pensamento diferente e sob muitos aspectos oposta1. Poder-se-ia dizer que ela vem reforçá-la, tanto as duas formas de filosofia nascente aparecem, no seu contraste, complementares. Em terra de Itália, na Magna Grécia, os sábios já não põem em evidência a unidade da physis, mas a dualidade do…

  • A visão divinatória do poeta inspirado coloca-se sob o signo da deusa Mnemosyne, Memória, mãe das Musas. Memória não confere o poder de invocar recordações individuais, de representar-se a ordem dos acontecimentos dissipados no passado. Daí ao poeta — assim como ao adivinho — o privilégio de ver a realidade imutável e permanente, põe-no em…

  • E no entanto, o primeiro filósofo já não é um xamã. O seu papal consiste em ensinar, fazer Escola. O segredo do xamã, propõe-se o filósofo divulgá-lo a um corpo de discípulos; o que era o privilégio de uma personalidade excepcional, ele estende-o a todos aqueles que desejam entrar na sua confraria. É quase inútil…