Filosofia – Pensadores e Obras

Brentano

Franz Brentano (1838-1917), sacerdote católico austríaco, que se separou da Igreja sem perder, porém, no fundamental, seu ponto de apoio no cristianismo, foi um filósofo de pouco renome e de ampla influência. Suas publicações foram breves, e em sua maioria póstumas; durante muito tempo, mereceu bem pouca atenção. No entanto, Brentano teve uma participação extraordinária na formação da filosofia atual, que dele se origina em uma dimensão decisiva. Seus discípulos, diretos ou indiretos, são as grandes figuras do pensamento de nossos dias: Husserl, Marty, Meinong, von Ehrenfels, Scheler, Hartmann, Heidegger, todos receberam de Brentano elementos filosóficos capitais. Os breves livros que Brentano escrevia, que quase chegavam a ser opúsculos, no feitio leibniziano, transformavam as disciplinas filosóficas. Tal aconteceu com sua Psicologia, com A origem do conhecimento moral, que constituem o embasamento de toda a filosofia ulterior.

Brentano, com Trendelenburg e Gratry, está entre os primeiros que no século XIX adquire um contato íntimo e vivo com Aristóteles; desse fato recebe seu pensamento uma profundidade excepcional. Por outro lado, sua formação eclesiástica o põe em relação com o pensamento medieval, sobretudo com a obra tomista; por último, Leibniz é o filósofo moderno que mais profundamente influi nele. Tudo isto determina uma volta à metafísica, como reação contra o positivismo, representando Brentano nesse sentido um dos marcos capitais.

Quis incluir nesta Antologia um fragmento de Brentano sobre o conceito de intencionalidade: antiga ideia, de origem escolástica, que foi elevada por Brentano a caráter essencial do psíquico, e que se converteu, em mãos de seus sucessores, em uma nota essencial do ente humano. Interessa ver, em sua primeira expressão, essa ideia, que tão graves consequências cobrou para a antropologia de nosso tempo.

Sobre a filosofia de Brentano pode-se consultar: o. Kraus: Brentanos Stellung zur Phänomenologie und Gegenstandstheorie (1924); E. Rogge: Das Kausalproblem bei Franz Brentano (1935). [Marías]