(gr. poietikos; lat. Agens; in. Agent; fr. Agent; al. Tätige; it. Agente).
Em geral, o que toma a iniciativa de uma ação ou aquilo de que a ação promana ou deriva, em contraposição a paciente, que é o que sofre a ação. Esses termos são próprios da filosofia escolástica (v. ação). Para intelecto agente, v. intelecto. [Abbagnano]
a) Na escolástica, agens é o que age ou que agiu. Todo o ser, enquanto considerado como exercendo uma ação, é considerado agente. Chama-se paciente o objeto dessa ação.
Em Aristóteles, agente é o oposto contrário do paciente. Para que haja o agente, impõe-se o paciente, pois aquele age sobre este. E é tal, enquanto em ato, e tende para um fim. Atua o agente sua ação sobre outro, e a realiza, proporcionadamente. à sua forma. Para Aristóteles, é o agente que reduz a matéria de potência a ato. A ação parte do agente, como terminus a quo, e se exerce no paciente, como terminus ad quem. As coisas, que estão em devir (fieri), o estão pela ação do agente.
b) «Intellectus agens» (intelecto agente) é usado na escolástica, para expressar a faculdade intelectual, que torna inteligíveis as imagens transmitidas pelos objetos do mundo exterior, transformando-se em ideias gerais por meio da Abstração. O intelecto agente representa a passagem do sensível para o intelectual. Também usado «intelecto ativo» (intellectus ativus) em oposição ao «intellectus possibilis», termos aristotélico-escolásticos, que encontraram variada interpretação através da história do conhecimento. [MFS]
482. Pomos uma palavra onde começa a nossa incerteza — onde não podemos ver adiante, por exemplo, a palavra “eu”, a palavra “fazer”, a palavra “sofrer”: — tais são, talvez, linhas do horizonte do nosso conhecimento, mas não verdades.
483. — por meio do pensar é posto o eu; mas até agora se acreditou, como o povo, que no “eu penso” jaz algo de imediatamente certo e que esse “eu” seria a causa dada do pensar, e por analogia com ela todos nós entenderíamos as outras relações causais. Por mais que essa ficção agora possa ser costumeira e indispensável — isso, somente, não prova nada contra o seu caráter fictício: uma crença pode ser condição da vida e, apesar disso, ser falsa.
484. “É pensado: consequentemente há pensante”: a isso chega a argumentação de Cartesius [nome latino de Descartes (N.T.)]. Mas isso significa postular nossa crença no conceito de substância já como “verdadeira a priori” — que, quando seja pensado, deva haver alguma coisa “que pense” é, porém, apenas uma formulação de nosso hábito gramatical, que põe para um fazer [Tun] um agente [Täter]. Em resumo, aqui já se propõe um postulado lógico-metafísico — e não somente há constatação… Pelo caminho de Cartesius não se chega a algo absolutamente certo, mas só a um fato de uma crença muito forte.
Se se reduz a frase a “é pensado, logo há pensamentos”, então se tem uma mera tautologia: e justamente o que está em questão, a “realidade do pensamento” [“Realität des Gedanken”], não é tocado — desta forma não se pode repudiar a “aparência” do pensamento. Cartesius, porém, queria que o pensamento não tivesse apenas uma realidade [Realität] aparente, mas uma em si. [NietzscheVP:§§482-484]