Filosofia – Pensadores e Obras

filologia

(gr. philologia; lat. philologia; in. Philology; fr. Philologie, al. Philologie; it. Filologia).

Para Platão, essa palavra significava amor aos discursos (Teet., 161 a); na idade moderna, passou a designar a ciência da palavra, ou melhor, o estudo histórico da língua. Vico opôs filologia e filosofia: “A filosofia contempla a razão de onde parte a ciência do verdadeiro; a filologia observa a autoridade, o arbítrio humano, de onde parte a consciência do certo” (Scienza nuova, dign. 10). Seria tarefa dos filólogos o “conhecimento das línguas e dos feitos dos povos”. filologia e filosofia completam-se no sentido de que os filósofos deveriam “conferir” suas razões com a autoridade dos filólogos, e os filólogos deveriam “confirmar” sua autoridade com a razão dos filósofos. No conceito moderno, filologia é a ciência que tem por objetivo a reconstituição histórica da vida do passado através da língua, portanto dos seus documentos literários. Por conseguinte, os projetos e os resultados dessa ciência, do modo como ela se formou, sobretudo no séc. XIX, vão muito além da humilde tarefa à qual desejaram limitá-la os filósofos do idealismo romântico. Hegel já se opunha aos “filólogos”, historiadores que faziam seu trabalho em nome da história filosófica, única história capaz de descobrir a priori o plano providencial do mundo (Philosophie der Geschichte, ed. Lasson, pp. 8 ss.). No mesmo sentido, Croce chamava de história filológica a história dos historiadores, à qual contrapunha a história “especulativa”, que identificava com a filosofia (Croce, Teoria e storia della storiografia, 1917; La storia comepensiero e come azione, 1938).

Na realidade, a história filológica é a história dos historiadores, ao passo que a história especulativa nada mais é que a concepção providencialista do mundo histórico, que nada tem a ver com a historiografia científica. O adjetivo filológico não pode sequer ser usado para designar formas monótonas e mal realizadas de historiografia, pois a filologia não é em nada responsável por elas. Tampouco a função de conservação e reconstituição do material documentário e das fontes, que Nietzsche chamou de história arqueológica , é um tipo inferior de história, porque só é possível quando um interesse inteligente guia as escolhas oportunas e as torna úteis à tarefa da crítica e da reconstituição históricas. [Abbagnano]