(in. Riddles; fr. Enigme; al. Rätsel; it. Enigmi)
Na literatura filosófica dos últimos decênios do séc. XIX deu-se o nome de enigmas do mundo aos problemas que, não tendo sido resolvidos pela ciência, eram considerados insolúveis. Em 1880, o fisiologista alemão enigmas Du Bois-Reymond enumerava Sete enigmas do mundo: 1) a origem da matéria e da força; 2) a origem do movimento; 3) o surgimento da vida; 4) a ordem finalista da natureza; 5) o surgimento da sensibilidade e da consciência; 6) a origem do pensamento racional e da linguagem; 7) a liberdade da vontade. Diante desses enigmas, Du Bois-Reymond achava que se devesse dizer não só ignoramus [ignoramos], mas também um ignorabimus [ignoraremos]. Alguns anos depois, o biólogo Ernst Haeckel, numa obra de enorme difusão, intitulada Os enigmas do mundo (1899), proclamava que aqueles enigmas tinham sido resolvidos pelo materialismo evolucionista (v. materialismo). Embora essa palavra até hoje seja empregada com fins retóricos, tornou-se imprópria para exprimir a atitude do homem moderno em face das limitações ou da imperfeição do seu conhecimento do mundo. enigmas significa propriamente “adivinhação”, e a expressão enigmas do mundo parece indicar que o mundo, como uma gigantesco jogo de adivinha, só tem uma solução que, uma vez encontrada, eliminaria todos os problemas. O que, por certo, é uma visão bastante pueril, pois o mundo não tem enigmas, nem no plural nem no singular, mas só problemas para os quais existem soluções mais ou menos adequadas, nunca definitivas e sempre sujeitas a revisões. [Abbagnano]