(lat. Eminentia; in. Eminence; fr. Eminence; al. Eminenz; it. Eminenza).
Prioridade ontológica, ou seja, a perfeição. Eminente significa “mais perfeito”; e eminentemente dignifica “de modo mais perfeito”. Essa noção tem origem na hierarquia dos seres, estabelecida em Instituições teológicas de Proclo e repetida nos escritos do Pseudo-Dionísio (cf. especialmente De div. nom., VII). Tomás de Aquino dizia: “Quando se diz ‘Deus é bom’ ou ‘sábio’, entende-se não só que ele é causa da sabedoria ou da bondade, mas que essas coisas preexistem nele de modo mais perfeito (eminentius)” (S. Th., I, q. 13, a. 6). Na escolástica tardia, começou-se a designar via Eminentiae a prova da existência de Deus que, da existência de graus diversos de perfeição no mundo, interfere a existência do grau eminente ou mais perfeito de todos (v. provas de Deus): sua expressão se encontra, p. ex., em Duns Scot (Op. Ox., 1, d. 2, q. 2, a. 1, n. 17), que se preocupa, em outro passo, em definir essa palavra no sentido de “aquilo que é mais perfeito e mais nobre segundo sua essência e, nesse sentido, precedente” (De primo principio, ed. Roche, p. 4).
Descartes emprega esse termo com o mesmo sentido: “A pedra que ainda não existe não pode começar a existir agora, se não for produzida por uma coisa que possui em si, formal ou eminentemente, tudo aquilo que entra na composição da pedra, isto é, que contém em si as mesmas coisas ou outras mais excelentes, que estão contidas na pedra” (Méd., III, 2; II Rép., def. IV). Por sua vez, Spinoza diz: “Entendo por ‘eminentemente’ que a causa contém toda a realidade do efeito mais perfeitamente do que o próprio efeito” (Ren. Cart. Princ. Phil, I, ax. 8). Generalizando essa noção e expressando-a em termos negativos, Wolff dizia: “Por eminência entende-se o ente que, a rigor, não existe, ao passo que existe algo que faz as vezes dele e que propriamente não lhe pode ser atribuído” (Ont., § 845). [Abbagnano]