(in Consciousness of class; fr. Conscience de classe; al. Klassenbewusstsein; it. Conscienza di classe).
Esse foi um conceito em que Hegel insistiu; segundo ele, o fato de um indivíduo pertencer a uma classe é determinado não só pelas circunstâncias objetivas, mas também pela vontade do indivíduo, de tal modo que o fato de pertencer a essa classe “pela consciência subjetiva tem o aspecto de ser obra da própria vontade” (Phil. do dir., § 206). Hegel acrescenta que, para o homem, “ser alguma coisa” significa “pertencer a uma classe determinada”, porque o homem sem classe seria um simples indivíduo isolado e não participaria da universalidade real própria da classe. Portanto, para o indivíduo, reconhecer-se como pertencente a uma classe não é uma degradação, mas a aquisição de sua “realidade e objetividade ética”, ou seja, o reconhecimento da unidade, realizada no indivíduo, entre universalidade e particularidade (Ibid., § 207 e Zusatz). Para Marx, esse conceito tinha bem menos importância, já que tudo o que é “consciência” pertence à superestrutura, que é determinada pelas relações de trabalho e produção. Contudo, Marx afirmou que, se entre os indivíduos “houver apenas contato local, se a identidade de seus interesses não os levar a criar uma comunidade, uma associação nacional, uma organização política, eles não constituirão uma classe” (Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte, nova ed., 1946, p. 104). Esse conceito foi posto em primeiro plano na interpretação do marxismo feita por Georg Luckács, no livro História e consciência de classe (1922), que atribui à consciência de C. o título de sujeito da história, ou seja, de princípio ou força que faz a história. Segundo Luckács, a consciência de C. autêntica é “a realização racional e adequada que deve ser adjudicada a uma situação típica, no processo de produção”. Por isso, distingue-se da falsa consciência, que é uma reação inadequada a tal situação, que ignora suas contradições. A consciência de C. é o ponto de partida da vocação de uma C. para o domínio, ou seja, para a organização de uma sociedade conforme com os seus interesses (Histoire et conscience de classe, 1960, pp. 72 ss.). A consciência de C. identifica-se com a “compreensão total da história”, na qual se funda a possibilidade real de evolução da própria história em direção a uma sociedade nova. Rejeitada pelo marxismo oficial, que a acusava de “idealismo”, essa doutrina continua sendo discutida pelo pensamento marxista ocidental. Mas com a crise que o conceito de C. sofreu nos estudos sociológicos contemporâneos (v. classe), a consciência de C., considerada como “consciência das contradições entre interesses econômicos e sociais opostos”, é entendida apenas como um dos muitos elementos que compõem a noção de C. (cf., p. ex., Touraine, La société post-industrielle, 1969). [Abbagnano]