Filosofia – Pensadores e Obras

campo

(in. Field; fr. Champ; al. Feld; it. Campo).

Conjunto de condições que possibilitam um evento; ou limites de validade ou de aplicabilidade de um instrumento cognoscitivo. Dizia Kant: “Os conceitos têm um campo próprio na medida em que se referem a objetos, prescindindo da possibilidade do conhecimento dos próprios objetos, e o campo é determinado unicamente pela relação que o objeto tem com a nossa faculdade de conhecer em geral” (Crít. do Juízo, intr. § 11). Em física, campo significa “distribuição contínua de algumas condições predominantes, através de um contínuo” onde a palavra “condição” indica uma grandeza qualquer, que pode variar segundo o problema de que se trata. Quando a condição é adequadamente descrita para cada ponto do espaço por um número simples (isto é, por um escalar), tem-se o que se conhece por campo escalar. P. ex., a temperatura é a condição de um campo e por isso a distribuição da temperatura por meio do volume é um exemplo físico de campo escalar (D’Abro, New Physics, capítulo X). Analogamente, em psicologia, p. ex., na psicologia da forma, onde o conceito foi assim ilustrado: “O que determina a impressão de cor que experimentamos em um ponto circunscrito do campo visual é o estado excitável global do campo visual; o que determina a impressão de um peso que levantamos não é somente a tensão do grupo muscular imediatamente ligado ao levantamento do peso, mas também o tônus de todo o resto da musculatura” (Katz, Gestaltpsychologie, 3; trad. it., pp. 29-30). Mais precisa e genericamente, K. Lewin definiu o campo, entendido como o “espaço vital” de um organismo, como “a totalidade dos eventos possíveis”, da qual derivaria o comportamento do próprio organismo (Principies of Topological Psychology, 1a ed., 1936, p. 14). Dewey emprega a palavra em sentido genérico: “É sempre em algum campo que se verifica a observação deste ou daquele objeto. Tal observação é feita com o fim de descobrir o que aquele campo representa em relação a alguma resposta ativa de adaptação com que dar prosseguimento a um comportamento” (Logic. Intr., trad. it., p. 111).

Essa noção é usada com mais precisão em lógica, entendendo-se por campo de uma relação o conjunto do dominante e do dominante inverso da relação; isto é, dos termos que estão em dada relação com este ou aquele termo (dominantes) ou dos termos com que este ou aquele termo se acha em dada relação (dominantes inversos) (v. relação). Esse conceito também foi usado na teoria do significado (cf. A. P. Ushenko, The Field Theory of Meaning, 1958) e em linguística, em que o campo foi entendido como a rede de associações que interligam um termo a muitos outros termos (Ulmann, Semantics, 1962, IX, 1). [Abbagnano]


Entendo por “campo de presença” a forma de coexistência definida por Foucault em L’Archeologie du savoir, p. 77, como constituída de “todos os enunciados já formulados em outro lugar e que são retomados em um discurso a título de verdade admitida, de descrição exata ou de pressuposto necessário”, mas também daqueles “que são criticados, discutidos e julgados” e daqueles “que são rejeitados ou excluídos”. [LiberaAS:38]