Filosofia – Pensadores e Obras

agostinismo

(in. Augustinianism; fr. Augustinism; al. Augustinismus; it. Agostinismó).

Entende-se por esse termo, mais do que a doutrina original de S. Agostinho, o conjunto de caracteres doutrinários que caracterizaram uma das tendências da escolástica, seguida predominantemente pelos doutores franciscanos, em oposição à tendência aristotélico-tomista dos doutores dominicanos. A fisionomia geral do agostinismo medieval pode ser expressa com os seguintes pontos (cf. Mandonnet, Siger de Brabant, 2a ed., 1911,1, pp. 55 ss.): a) falta de distinção precisa entre o domínio da filosofia e o da teologia, isto é, entre a ordem das verdades racionais e a das verdades reveladas; b) teoria da iluminação divina, segundo a qual a inteligência humana não pode funcionar senão pela ação iluminadora e imediata de Deus e não pode encontrar a certeza do seu conhecimento fora das regras eternas e imutáveis da ciência divina; c) primazia da noção de bem sobre a de verdadeiro e, portanto, da vontade sobre a inteligência, tanto em Deus quanto no homem; d) atribuição de uma realidade positiva à matéria, ao contrário de Aristóteles, que nela vê pura potencialidade; do que deriva, p. ex., que o corpo humano possui realidade ou atualidade próprias, isto é, uma forma independente da alma e que a alma é, portanto, uma forma ulterior que se acrescenta ao composto vivente e animal; daí, a chamada pluralidade das formas substanciais no composto.

Essas características aproximam os grandes mestres da Escolástica franciscana como Alexandre de Hales (aprox. 1200), Robert Grossetete, S. Boaventura, Roger Bacon, Duns Scot e muitos outros menores. Algumas dessas características também podem ser encontradas em doutrinas filosóficas modernas e contemporâneas, às quais chegam através da tradição medieval ou, diretamente, da obra de S. Agostinho. [Abbagnano]