Filosofia – Pensadores e Obras

rito

(in. Rite; fr. Rite; al. Ritus; it. Rito).

Técnica mágica ou religiosa que visa a obter sobre as forças naturais um controle que as técnicas racionais não podem oferecer, ou a obter a manutenção ou conservação de alguma garantia de salvação em relação a essas forças. O conceito de rito como “prática relativa às coisas sagradas” foi esclarecido por Durkheim (Formes élémentaires de la vie religieuse, 1912, passim) (cf. T. Parsons, The Structure of Social Action, 2a ed., 1949, pp. 420 ss., 673 ss., etc; cf. religião). [Abbagnano]


É pelo mito que se manifesta a potência das origens. Pela iniciação, o homem tornar-se companheiro delas. É durante o rito que a energia mítica é utilizada pelo iniciado para furar o absoluto e recriar o princípio divino em terra.

De fato, pelo rito, o homem realiza em terra o modelo arquetípico. Segundo sua etimologia sânscrita (rita), a palavra “rito” designa o que é conforme à ordem.

Se ele constrói um templo, é por um ritual de consagração que ele lhe confere força e eficácia pondo-o em concordância perfeita com o arquétipo. Se ele ocupa um território, ele lhe confere valor e forma para que possa habitá-lo. É o papel do ritual. Separando-os do hábito profano, o rito dá valor de realidade a esse tempo, a esse território. O efeito do ritual é conferir uma dimensão de realidade e um sentido. A realidade manifestar-se, para a mentalidade arcaica, como força, eficácia e duração. Dessa maneira, o real por excelência é o sagrado; pois somente o sagrado é de uma maneira absoluta, age eficazmente, cria e faz durar as coisas. Os inúmeros gestos de consagração — espaços, objetos, homens, etc. — traem a obsessão do real, o desejo do primitivo para o ser. Assim, a ação do homo religiosus refere-se a um arquétipo que lhe confere sua eficácia. No Egito, a vida da natureza está ligada à ação primordial de Osíris que se torna o arquétipo da fertilidade. E também pela ação primordial de Osíris entrando na vida eterna que cada ser humano poderá conquistá-la. Houve um ato inicial de reconstituição do corpo de Osíris. É necessário refazer esse ato. Todos os rituais de embalsamamento e dos funerais no Egito antigo prendem-se ao mito osiriano. Definitivamente, todo ritual tem um modelo divino, um arquétipo.

A Festa constitui a expressão ritual mais importante das sociedades tradicionais. Ela é a representação, por excelência, do mito em terra, cada participante tornando-se o princípio mediador indispensável à encarnação do mito e à regeneração do que foi.

O Sacrifício é, sem dúvida, o rito religioso por excelência: ele tem por objeto interpor uma vítima entre os mundos profano e sagrado, tratando de colocar em contato um com o outro. O sacrifício pode ser combinado com a comunhão, quando a vítima consagrada é imolada e dividida entre os membros do grupo. Passar-se em seguida a uma elaboração mais decisiva, quando a ideia de Deus, ele próprio vítima, morre e ressuscita para fazer a ligação entre o mundo humano e o sagrado.

Podemos distinguir principalmente três espécies de ritos ou de cerimônias:

– os ritos de fecundidade, que asseguram o renascimento da Natureza.

– os ritos religiosos, que asseguram a manutenção do mundo e dos homens.

– enfim, os ritos iniciáticos, que asseguram a passagem da consciência humana do profano ao Sagrado.

Trataremos em particular da Iniciação, já que esse rito é distintivo de toda a sociedade tradicional viva. [Fernand Schwarz]