(in. Primitive, fr. Primitif, al. Primitiv, it. Primitivo).
1. O mesmo que originário, nos dois sentidos deste termo: a) o que pertence à fase inicial de um desenvolvimento ou de uma história, e neste sentido dizemos “a nebulosa primitiva”, “a humanidade primitiva”, etc; b) o que funciona como condição, princípio ou premissa, e por isso determina outras coisas, não sendo, porém, determinado por elas; neste sentido, dizemos “proposições primitivas”, “função primitiva”. Chamam-se “símbolos primitivos” os introduzidos diretamente, sem ajuda de outros símbolos.
2. O que é simples, no sentido de constituir a forma mais elementar que certo objeto pode assumir; neste sentido fala-se em “homens primitivos” ou simplesmente “os primitivos”. Durkheim utilizou esse significado para definir os primitivos, juntamente com o significado estudado em (a) (Les formes élementaires de la vie religieuse, 1937, p. 1). Mas Lévy-Bruhl escreveu: “Com este termo impróprio, mas de uso quase indispensável, pretendemos designar simplesmente os membros das sociedades mais simples que conhecemos” (Les fonctions mentales dans le sociétes inférieures, 1910, p. 2). No mesmo sentido, emprega-se hoje a palavra primário.
No que diz respeito às interpretações do mundo primitivo, podem ser agrupadas em duas classes: d) as que consideram o mundo primitivo como pré-lógico, pré-empírico e místico, portanto de constituição completamente diferente da sociedade civilizada; esta foi a interpretação defendida especialmente por Lévy-Bruhl (do qual além da obra citada, v.: La mentalité primitive, 1922; L’âme primitive, 1927; L’expérience mystique et le symboles chez les primitifs; 1938), mas corrigida por ele mesmo, no sentido de matizar ou atenuar a diferença entre a mentalidade primitivo e a não primitivo, que é mais de grau que de qualidade (Les carnets, 1949); b) as que admitem nas comunidades primitivo a posse de abundante patrimônio de conhecimentos fundados na experiência e na razão, considerando que o homem primitivo tende a recorrer à magia ou ao misticismo só quando os conhecimentos que possui não o ajudam mais. Esta é a interpretação defendida principalmente por Bronislaw Malinowski (Magic, Science and Religion, 1925) e hoje adotada por quase todos os sociólogos. [Abbagnano]