TEILHARD DE CHARDIN (R. P. Pierre), erudito, filósofo e teólogo francês (Sarcenat, na comuna de Orcines, perto de Clermont-Ferrand, 1881 — Nova Iorque 1955). Entrando para a Sociedade de Jesus em 1899 e ordenando-se padre em 1911, ensina geologia e paleontologia nb Instituto católico de Paris de 1920 a 1923. De 1923 a 1946, percorreu o império chinês, a índia, a Birmânia, Java e participou em 1931 do que se denominou o “Cruzeiro amarelo” (travessia da Ásia central em automóvel, organizada por André Citroen). A partir de 1951, ligou-se à Wenner-Gren Foundation de Nova Iorque, que, em 1951 e 1953, o encarrega de supervisar e financiar as pesquisas antropológicas na África do Sul.
Teilhard de Chardin é, de início, um erudito que, desde 1929, participou na China das escavações de Chu-ku-tien (perto de Pequim), onde foi descoberto o sinántropo, dito o “homem de Pequim”, que é, juntamente com o homem de Java, o tipo humano mais antigo. As pesquisas de antropologia levaram-no a conceber toda uma teoria evolucionista: sua filosofia vitalista procura pensar a continuidade entre a natureza e a vida, e depois entre a vida e o espírito. Essa investigação sobre os “intermediários” o aproxima do materialismo dialético como ciência da natureza e de sua história. Entretanto, Teilhard de Chardin orienta toda a evolução não somente para a realização do homem (como espécie animal superior às outras espécies), mas para a realização de um homem particularmente espiritualizado, cuja imagem viva, segundo ele, é representada por Cristo. Em outros termos, o evolucionismo de Teilhard de Chardin não é somente uma teoria da evolução das espécies mais baixas até o homem, é também uma filosofia da história, que destina ao homem o dever de realizar o “ultra-humano”, isto é, uma vida puramente espiritual, o ideal do Cristo. Essa continuidade entre uma teoria da vida (“biosfera”) e uma teoria do espírito (“noosfera”) evoca a filosofia de Bergson (em que a teoria da vida — em A evolução criadora — culmina numa teoria do espírito — em duas fontes da moral e da religião). A obra científica de Teilhard de Chardin, suas pesquisas sobre a origem do homem permanecem atuais; sua filosofia sacudiu certos meios católicos ao mostrar que uma pesquisa científica — de estilo nitidamente “materialista” —, focalizando-se sobre a história da natureza, não é exclusiva da fé. Suas Obras completas foram publicadas na França pelas Editions du Seuil. Deve-se-lhe notadamente O fenômeno humano (1938-1940), O coração da matéria (1950) e O crístico (1955). [Larousse]