Filosofia – Pensadores e Obras

analítica da existência

A “analítica da existência” foi o método utilizado por Heidegger para tentar, na sua obra Ser e Tempo fundamentar a “questão do Sentido do Ser”.

Heidegger, mais tarde, considerou a analítica da existência, neste sentido, como um caminho frustrado, mas o seu trabalho em Ser e Tempo influenciou profundamente a teologia, a psicanálise e a psicologia, e a filosofia contemporâneas (embora o pensador tenha várias vezes desautorizado estas diferentes leituras de sua obra).

A analítica da existência (Analytik des Daseins) parte da compreensão do que somos através da fórmula muito famosa apresentada no § 9 de Ser e Tempo: a “essência” do Dasein está em sua existência (Das “Wesen” des Daseins liegt in seiner Existenz). Heidegger nos compreende como Dasein: o ente que se vê localizado num determinado lugar do espaço e num certo momento do tempo. A nossa finitude existencial — o fato de nós sermos um pólo entre nossos nascimento e nossa morte —, a nossa “realidade”, a nossa autenticidade (Eigentlichkeit) decorrem desta assimetria que tem para nós o mundo, focalizado em nós, no Dasein. No entanto, seria uma nossa tendência “natural” (isto é, ontologicamente determinada) ignorarmos, esquecermos tal finitude e tal polarização: nós nos comportamos como se a nossa experiência do mundo como espaço fosse infinita, e como se a nossa experiência do tempo abarcasse toda uma “história da raça humana”, ou mesmo toda uma “história do universo”. Na vida de todos os dias este esquecimento da verdade da existência gera a “inautenticidade” do Dasein; a sua autenticidade é reencontrada e relocalizada através do sentimento da angústia, que expõe ao Dasein toda a extensão da sua facticidade.

Na sua obra (resultando de um curso anterior a Ser e Tempo, mas posteriormente a ele publicada) Kant e o Problema da Metafísica, esclarece Heidegger o que seja a analítica da existência como método: “A Ontologia fundamental é o nome da analítica ontológica do ser humano em sua finitude que deverá preparar o fundamento para uma metafísica “pertencente à natureza humana”. A ontologia fundamental é a metafísica da existência humana exigida para a própria possibilidade de uma metafísica. Ela se distingue, fundamentalmente, de qualquer antropologia, mesmo filosófica. Fundar uma ontologia fundamental significa: mostrar como a analítica exposta do Dasein é uma consequência necessária do que se fez, e daí apresentar claramente em que sentido e maneira, dentro de que limitações e quais pressuposições se mostra a pergunta concreta, o que é o ser humano?”, (v. Heidegger, análise existencial da comunicação, objeto). (Francisco Doria – DCC)