Filosofia – Pensadores e Obras

Eckhart

Mestre Eckhart (1260-1327)

Mestre Eckhart

Cristologia


ECKART ou EKHART (Johann, dito Mestre), filósofo místico alemão (1260 – 1327). Seu sistema é um panteísmo bastante difuso, que procura conciliar com a crença em um só Deus. Seu pensamento rigoroso recobre um certo misticismo e esforça-se por dar-lhe uma capa racional. Esse misticismo especulativo, que é muito característico do pensamento alemão, exercerá uma grande influência sobre a filosofia do século XIX (Fichte, Schelling, Hegel), quando a dialética racional esforçar-se-á por recobrir e exprimir a inspiração romântica. (V. panteísmo.) [Larousse]


ECKHART (JOHANN GEORG von). – Dominicano alemão e filósofo místico, de temperamento original e criador, dito o Mestre Eckhart (1260-1327). Foi o primeiro a deslatinizar a língua filosófica, escrevendo muitas obras em alemão. Iniciou o vocabulário alemão de filosofia. Não produziu

nenhum sistema, deixando à margem problemas fundamentais como o universo, a natureza, a vida. Preocupou-o fundamente Deus e a alma. Principalmente nas obras em latim, denuncia a influência direta de Alberto o Grande e Santo Tomás, mas no conjunto de seus trabalhos predomina a atuação mística do neoplatonismo, atuação que se transformou em mística original, eckhartiana. V. misticismo.

Como seus mestres em filosofia, Eckhart é, de uma parte, realista (o universal é o ser verdadeiro), e, de outra, intelectualista (ser é conhecimento). Mas, para Santo Tomás, a felicidade que completa o homem só é acessível por intuição de Deus na outra vida; Mestre Eckhart coloca-a nesta vida, na unidade mística do conhecimento supra-racional. Como intelectualista, procura a verdade numa espécie de intuição, que é para ele a ação da razão, livre esta da ilusão sensível. No eckhartianismo, Deus é o Serpuro e pleno”, o Absoluto, o Uno: sublimidade total sobre o finito. Só Ele existe; tudo o mais: homem, coisas, mundo, são realidades contingentes, que desaparecem logo que cessamos de pensar. A criação é coeterna com Deus. Em virtude desses princípios, atribuíram-lhe um panteísmo idealista. Os franciscanos acusaram-no de heresia e Mestre Eckhart foi processado, tendo sido condenadas muitas de suas proposições. A sentença apareceu depois de sua morte. V. coração e oração.

— “O maior de nossos místicos está muito longe de colocar acima de tudo a contemplação inativa: “Se alguém se achasse no terceiro céu, submerso em êxtase, como São Paulo, e aparecesse um pobre homem com fome, fora melhor abandonar o êxtase para servir ao necessitado.” Messeb, Ant. y med., 281.

— “Eckhart, o pai do misticismo alemão”. Schopenhauer, Monde, III-424.

Obras: Ed. de Pfeiffer, in Deutsche Mystiker der XIV Jahrhunderts, II, Leipzig, 1857.

Bibl.: A. Lasson, Meister Eckhart der Mystiker, Berlim, 1868; P. Strauch, Meister Eckhart Problems, Halle, 1912; A. Dempf, Meister Eckhart, 1935. [Soares]