Filosofia – Pensadores e Obras

prazer

(gr. hedone; lat. voluptas; in. Pleasure; fr. Plaisir; al. Lust; it. Piaceré).

prazer e dor constituem os tons fundamentais de qualquer tipo ou forma de “emoção”. A determinação de suas características depende da função que se atribui às emoções, e por isso está relacionada com a teoria geral das emoções. Aqui é preciso observar que, na tradição filosófica, essa palavra tem um significado diferente do de felicidade, mesmo quando ligada a ela: o prazer é indício de um estado ou condição particular ou temporária de satisfação, enquanto a felicidade é um estado constante e duradouro de satisfação total ou quase total.

A mais famosa definição do prazer foi a de Aristóteles, que, aliás, utilizava os conceitos de Platão (Rep., IX, 583 ss.; Fil., 53 c): “prazer é o ato de um hábito conforme à natureza” (Et. Nic, VII, 12, 1153 a 14), sendo preciso lembrar que hábito significa “disposição constante”. Essa definição servia para desvincular o prazer de sua conexão com sensibilidade, visto que um hábito pode ser sensível ou não. A partir do Renascimento as definições de prazer basearam-se em sua função biológica. Para Telésio, é aquilo que favorece a conservação do organismo (De rer. nat., IX, 2). Descartes definiu a alegria, considerada uma das seis emoções fundamentais, como “a emoção prazerosa da alma, na qual consiste a fruição do bem que as impressões do cérebro lhe representam como seu” (Pass. de l’âme, § 91). Spinoza afirmava: “Entendo por alegria a paixão graças à qual a mente eleva-se a uma perfeição maior” (Et., III, 11), o que é uma paráfrase da definição aristo-télica. Enquanto Hobbes voltava à definição biológica, vendo no prazer o sinal de um movimento proveitoso ao corpo, transmitido pelos órgãos sensoriais ao coração (De corp., 25, 12), Nietzsche afirmava: “O prazer: sensação de maior potência” (Wille Zur Matcht, ed. Kröner, § 660). Em oposição a essas teorias, que podem ser chamadas de positivas, encontra-se a teoria negativa de Schopenhauer, segundo a qual o prazer é simplesmente a cessação da dor, de tal modo que ele é conhecido ou sentido apenas me-diatamente, através da lembrança do sofrimento ou da privação passada (Die Welt, I, § 58). A psicologia moderna manteve as características tradicionais atribuídas ao prazer: reiterou sua função biológica, mas ao mesmo tempo, com base na observação, também confirmou o caráter ativo que Aristóteles reconhecia no prazer (cf. J. C. Flugel, Studies in Feeling and Desire, 1955, p. 118 ss.). [Abbagnano]


Denomina-se prazer (em oposição a dor) a sensação agradável ou, na maioria dos casos, o sentimento de satisfação. Provém do fato de que, ora na realidade, ora na representação viva, uma tendência encontra o objeto adequado à sua natureza. A satisfação espiritual denomina-se alegria. A importância teleológica do prazer, como já Aristóteles enxergou, está em que ele deve produzir a operação adequada, não todavia sem o controle da razão, e em que, como satisfação é o eco da perfeição alcançada. Por conseguinte, o prazer não é o fundamento e medida do bem moral, como se a ação fosse eticamente valiosa por ser geradora de prazer (epicurismo hedonismo e eudemonismo) mas dentro de certos limites e em harmonia com o fim global do homem, o prazer assume também importância moral e constitui um motivo ético, na medida em que fomenta e patenteia o bem. No repúdio e depreciação rigorista do prazer e da alegria não é suficientemente posta em relevo a virtude da eutrapelia (Aristóteles) ou da recreação ordenada por meio do jogo e da alegria com o fim de se distrair; Schuster. [Brugger]