A doença mental não é propriamente enfermidade da mente ou do espírito, mas uma perturbação das funções mentais, que se desenvolve em forma de processo e é motivada por alguma afecção das bases somáticas da vida psíquica anexa à peculiaridade formal da perturbação (acompanhada no estado agudo, a que determinadas formas chegaram, pela perda da habitual unidade da personalidade e de seus modos fundamentais de comportamento). Como doenças mentais no sentido mais estrito do termo (= psicoses) contam-se os grandes grupos de psicoses hereditárias: esquizofrenias (distúrbios de dissociação) e as doenças emotivas maníaco-depressivas, com alternativas de excitação (mania) e depressão, bem como os transtornos periódicos subsequentes à epilepsia. Formando um grupo mais vasto, acrescentem-se às mencionadas doenças vários estados anormais produzidos por uma infecção interna ou externa (como a intoxicação alcoólica ou sifilítica), ou por destruição ou lesão do cérebro. Entre as doenças mentais e a esfera da vida psíquica normal situam-se as múltiplas formas de psicopatias de origem constitucional e, como expressão de uma situação de conflito não elaborada, as neuroses (condicionadas pelo meio ambiente ou por disposições desarmônicas de caráter). Aliás, como os sintomas oferecem tonalidades flutuantes e formas mistas, nas escolas de psicopatologia nem sempre há acordo em deslindar tanto os conceitos e classificações quanto as teorias sobre as causas subjacentes.
O estudo das doenças mentais, de seu condicionamento constitucional, dos fatores que as provocam, e dos métodos terapêuticos, oferecem à filosofia e à psicologia empírica abundante material ilustrativo sobre as questões relativas à conexão entre o corpo e a alma, à constituição de camadas e às forças formativas da personalidade psicológica, bem como sobre as questões que se travam acerca das condições e limites do livre arbítrio e da responsabilidade (suprimida em estados patológico-mentais agudos e gradualmente diminuída nas psicopatias). — WlLLWOLL. [Brugger]