Filosofia – Pensadores e Obras

causalidade natural

Entende-se por causalidade natural o modo especial de causação existente na natureza exterior, infra-espiritual, em oposição à maneira de operar das causas psíquicas e espirituais (causalidade). A conexão entre os fenômenos naturais não é só a de uma função matemática, mas realiza o conceito de causa, uma vez que, segundo o princípio de causalidade, todo acontecimento requer uma causa produtora. Como no domínio da natureza infra-espiritual não impera nenhuma autodeterminação livre, as causas naturais produzem seus efeitos de maneira necessária. Existe, pois, entre causa e efeito, uma conexão unívoca, de sorte que as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos. No mundo infra-espiritual, uma causa não pode produzir um efeito diferente, maior ou menor do que na realidade produz (lei de causalidade). No domínio do orgânico, pertencem ao número das causas univocamente determinantes do efeito não só os excitantes externos, mas também o estado determinado do mesmo organismo reagente. Sobre as exceções aparentes da conexão causal unívoca (relação de indeterminação). Contudo a natureza infra-espiritual não exclui a ação de espírito (corpo e alma [relação entre]) nem a do Criador (milagre). Não existe uma causalidade natural clausa.

Contra o que ensina o ocasionalismo, a produção do efeito deve ser encarada como atividade própria dos corpos. Entretanto, no mundo inorgânico esta atividade não é auto-movimento, mas em toda ação da causalidade natural os corpos se manifestam atuando uns sobre os outros (ação recíproca). Um corpo, pela eficácia de sua força origina uma mudança noutro corpo. — Estas alterações de estado são, as mais das vezes, de natureza energética. Energia é a capacidade de efetuar trabalho e apresenta-se nas mais variadas formas (energia mecânica, elétrica, térmica, etc). Dado que a energia, como acidente variável, pode passar de um corpo a outro, a ação da causalidadeorigem a nova energia, enquanto outra é consumida em seu lugar. Aplica-se aqui o princípio da conservação da energia, segundo o qual a quantidade de energia nova resultante é igual à da energia que desaparece. — Grande parte da ação da causalidade natural estriba nas forças de atração e repulsa, pelas quais os corpos estão em relação mútua, de sorte que procuram aproximar-se ou afastar-se uns dos outros. Todavia nunca se manifesta uma ação a distância (actio in distans), mediante a qual uma causa material produziria sem vínculo intermédio um efeito num lugar do espaço distante dela. Não é possível demonstrar com certeza a impossibilidade absoluta de tal ação a distância, mas tal impossibilidade parece ser provável. A fim de possibilitar a ação contígua, admite-se o éter, meio imponderável e elástico que enche o espaço vazio ou não ocupado por corpos ponderáveis. — Junk. [brugger]