(gr. paralogismos; in. Paralogism; fr. Paralogisme; al. Paralogismus; it. Paralogismó).
De Aristóteles (El. sof., passim) em diante este termo é usado para indicar um silogismo ou qualquer argumento formalmente falso (v. também falácia). Em Kant, “C. da Razão pura” designa a falsa argumentação da psicologia racional, que se ilude achando que pode deduzir do simples “eu penso” determinações materiais, mas apriori, do conceito (ideia) de “alma”. [Abbagnano]
(do gr. para, contra, e logos, razão), defeito de raciocínio, feito de boa fé. — Diferencia-se do sofisma, que é mentiroso em princípio. [Larousse]
Argumento que compreende alguma falácia, que não é advertida por quem o formula. Distingue-se de sofisma, porque neste há o intuito, a deliberação de enganar por meio de uma falácia dissimulada. [MFSDIC]
Chama-se assim com frequência ao sofisma. Por vezes, contudo, distingue-se entre um e outro. O sofisma, diz-se é uma refutação falsa com consciência da sua falsidade, para confundir o antagonista; o paralogismo é uma refutação falsa sem consciência da sua falsidade. Os principais casos de sofismas e paralogismo podem encontrar-se no artigo sobre o sofisma.
Usaremos aqui o termo paralogismo no sentido espacial que lhe deu Kant na dialéctica transcendental da Crítica da Razão Pura. Kant distingue, com efeito, entre os paralogismos formais ou falsas conclusões em virtude da forma, e os paralogismos transcendentais, que têm a sua base na natureza humana e provocam uma “ilusão que não se pode evitar, mas de que nos podemos libertar”. Entre os paralogismos transcendentais ou da razão pura destacam-se os paralogismos engendrados pelos argumentos da psicologia racional, a qual conclui que um ser pensante só pode conceber o paralogismo como substância. Kant afirma que todo o modo de proceder da psicologia racional está dominado por um paralogismo que pode mostrar-se mediante o silogismo seguinte: a) o que só pode pensar-se como sujeito, só existe como sujeito e é, portanto, substância; b) um ser pensante, considerado meramente como tal, só pode ser pensado como sujeito; c) portanto, existe só como sujeito, isto é, como substância (Crítica da Razão Pura). A refutação kantiana deste paralogismo e dos que dele derivam (os da substancialidade, simplicidade, personalidade e idealidade) apoia-se na ideia de que as categorias ou conceitos do entendimento não têm significação objetiva, não são aplicáveis senão enquanto têm como matéria as intuições. As proposições de que tratam os paralogismos transcendem a possibilidade de qualquer experiência. Daqui deriva que a demonstração racional da imortalidade, substancialidade e imaterialidade da alma se funda em paralogismos. A existência da alma e seus predicados só são, para Kant, postulados da razão prática. [Ferrater]