(gr. apophantikos; in. Apophantic; fr. Apophantique; al. Apophantisch; it. Apofanticó).
Declarativo ou revelativo. Aristóteles chamou de apofântico o enunciado que pode ser considerado verdadeiro ou falso e considerou que esse tipo de enunciado é o único objeto da lógica: da qual, portanto, são excluídas as orações, as ordens, etc, cujo estudo pertence à retórica ou à poética (De interpr., 4, 17 a 2). Esse significado permaneceu fixo no uso filosófico. [Abbagnano]
(Do grego apô (embaixo) e phaos, luz). Etimologicamente o que ilumina, esclarece o que está oculto. Termo criado por Aristóteles, que indica a forma fundamental do sujeito-predicado ou a forma da proposição independente, ou a conclusão de um silogismo, ao qual todos os outros tipos de proposição podem ser reduzidos pela análise e pela dedução.
b) Termo empregado, também, no sentido de esclarecimento. Pode-se, assim, falar em intuição apofântica, que é a que esclarece, imediatamente, qualquer aspecto do conhecimento. Neste sentido, é também usado pelos místicos.
c) Chamamos de método apofântico o que consiste em extrair, pela dedução e pelo clareamento, os juízos virtuais, contidos implicitamente num juízo já aceito, e que podem levar a consequências totalmente imprevisíveis previamente. Em nossas obras, temos exposto diversos exemplos de aplicação deste método, bem como as regras que devem ser obedecidas. Por não tê-lo aplicado é que Kant prendeu-se em alternativas falsas, e não avançou como devera no conhecimento, provocando a messe de erros que frutificaram na filosofia moderna, com prejuízo para o são filosofar. É o que demonstramos em nosso «As Três Críticas de Kant». [MSGA41IC]
Aristóteles chamava apophansis à proposição em geral, isto é, ao discurso de índole atributiva. A apophansis ou o discurso apofântico distinguia-se rigorosamente de outras formas de discurso; por isso dizia Aristóteles que nem todo o discurso é uma proposição: é-o somente aquele tipo de discurso em que reside o verdadeiro ou falso. E por isso a apophansis é propriamente falando, uma declaração e não, por exemplo, uma petição, uma explicação ou uma súplica.
A doutrina da apophansis constituiu, até à pouco, o fundamento da lógica, e isso a tal ponto que poderia enunciar-se que grande parte da lógica clássica gira em torno do suposto de que o pensamento se baseia nas diferentes formas do juízo “s é p”. A nova lógica orientou-se, regra geral, contra este predomínio da apofântica, e por vezes considerou que esta última está indissoluvelmente vinculada a certa espécie de metafísica: a metafísica da substância-acidente, à qual corresponderia logicamente a relação sujeito-predicado. Não importa averiguar agora como se concebeu essa vinculação; alguns consideraram que a lógica baseada na apofântica surgiu como uma tradução conceptual da metafísica substancialista; outros, em contrapartida, consideraram que a metafísica da substância-acidente não é senão a consequência de ter tomado como ponto de partida a apophansis. Ora, nem todos os representantes da nova lógica rejeitaram o predomínio da apofântica. Husserl utilizou o termo apofântica durante a sua investigação sobre a lógica formal e a lógica transcendental. Já nas Ideias tinha esboçado uma doutrina formal das proposições apofânticas, mas esta requeria uma mais completa descrição da estrutura da apofântica. Husserl distinguiu três graus na estrutura da apofântica: o primeiro grau é a doutrina pura e das formas do juízo; refere-se à mera possibilidade dos juízos sem se preocupar com o fato de serem verdadeiros ou falsos. o segundo grau é formado pela chamada “lógica da consciência” ou também “lógica da ausência de contradição”. Esta lógica trata das formas possíveis dos juízos verdadeiros. Um terceiro compreende as leis formais ou leis das verdades possíveis e das suas modalidades; trata-se de uma “lógica formal da verdade”. [Ferrater]