enárgeia: claridade, auto-evidência
O sensualismo epicurista reduziu todo o conhecimento e toda a verdade à sensação (aisthesis) visto que aquilo que é descrito como os três critérios da verdade, aisthesis, prolepsis e pathos, é uma forma ou outra da própria sensação (ver pathos) ou o resultado de sensações repetidas (ver prolepsis). Assim Epicuro encontra-se em posição bastante semelhante à de Aristóteles quando este começou a falar das premissas fundamentais (archai) de um silogismo. Uma vez que não há nada mais básico do que as archai de um silogismo, como é que se vai estabelecer a sua validade sem recorrer a um argumento circular? E tal como Aristóteles recorre à compreensão intuitiva das archai (ver epagoge, noûs), também Epicuro faz com que a aisthesis sirva como garantia da sua própria validade e isto em virtude da sua natureza clara e auto-evidente (enargeia; ver D. L. X, 38, 48, 52; Sexto Empírico, Adv. Math. VII, 216), qualidade que está também presente na prolepsis (D. L. X, 33).
Para a extensão do juízo para além da evidência clara dos sentidos e da consequente possibilidade de erro, ver doxa. [FEPeters]