Filosofia – Pensadores e Obras

espírito visual

O mecanismo da visão e os problemas óticos relacionados com ela, desde as ilusões até a refração nos espelhos, contam-se entre os argumentos mais apaixonadamente discutidos em uma cultura “contemplativa”, como é a tardo-antiga e medieval. O modo como a Antiguidade tardia legou o problema à Idade Média aparece resumido no comentário de Calcídio sobre o Timeu (Timaeus Platonis sive de universitate interpretibus MIT. Cicerone et Chalcidio una cum eius docta explanatione, Lutetiae, 1563, p. 142 et seq), em Galeno (De Hippocratis et Platonis placitis, I, VII, cap. IV- V; também De oculis liber, op. cit:, ambos em Operum, t. V) e em Nemésio (Nemesii episcopi Premnon physicon a N. Alfano archiepiscopo Salerni in latinum translatum, recognovit C. Burckardt, Leipzig, 1917, p. 75 et seq). Sem um claro conhecimento dessa teoria pneumática, é simplesmente impossível ler a poesia do século Xtll, em especial os estilo-novistas. Assim, por exemplo, o fenômeno do êxtase descrito por DANTE, em Vita nova, XIV (os “spiriti dei viso” — “espíritos visuais” — que ficam fora de seu instrumento), só se pode entender em relação a essa concepção “espiritual” da visão. [AgambenE:165 Nota]