Filosofia – Pensadores e Obras

symballein

19. Do «simbólico» que, de acordo com o étimo symbállein ou symbállesthai, significa o «co-jogador», o «unido a partir de um só arremesso», não é tão fácil dizer o que valha a pena ser dito em termos simples e univocos, pois estes são os que designam «coisas», e não os «símbolos» que, por inexplicável degenerescência, decerto, pelas mesmas «coisas», não se apresentam nem representam. «Coisas» são pedaços dispersos de «símbolos» diabolicamente destruídos. Bom é que não se confunda «símbolo» com «coisa-sinal-representativo-de-outra-coisa», e, portanto, temos de recordar a situação histórica, em que a palavra se nos deparou com seu pleno significado. Repetimos o já escrito noutro contexto: «símbolo designava um objecto dividido em dois pedaços, que, uma vez reunidos, provavam certa relação entre seus portadores, verbi gratia, os deveres de hospitalidade outrora exercidos por um, em relação ao outro» (Dioniso em Creta…, p. 174). Quer dizer, nenhum dos dois pedaços é símbolo, nem sequer os dois juntos, se não sobrevier à sua conjunção o sentido do todo, que faz, precisamente, que as partes sejam partes integrantes, ou melhor, integradas nesse todo. Ou ainda: quando se pensa ou age simbolicamente, o pensamento e a ação não se detêm nem se demoram na parcialidade — saltam (mortalmente para as coisas) para a totalidade que, só ela, é divisível em partes. Nenhum símbolo é «coisa», nem qualquer de suas partes, se, na verdade, faz parte de um todo. O símbolo é o «todo». E mais uma vez recorremos ao Eros. [EudoroMito:107]