O Volk é o princípio que dá sentido e forma aos indivíduos nos quais se exprime. Não é uma associação voluntária, como a que Rousseau concebeu na base de um contrato hipotético; a hipótese do contrato social é uma dessas ideias burguesas que fazem do Estado uma sociedade por ações, na defesa dos interesses individuais. O Volk não é um concours de votantes, mas um princípio metafísico, que se corporifica numa série de caracteres nacionais, ou seja, numa etnia, num grupo coeso, numa unidade que desempenha seu papel histórico como totalidade dinâmica.
Na obra de Herder, Ideen zur Philosophie der Geschichte der Menschheit, aparece pela primeira vez claramente esta ideia de Nação—Volk, que foi a base do nacionalismo romântico. Herder introduziu a ideia de Volk concebido como produto de um desenvolvimento histórico orgânico; orgânico quer dizer, como realidade anterior às partes de que se compõe, e que se desenvolve ao modo dum organismo, cujo crescimento é a explicação das possibilidades já contidas no germe originário, na Urquelle. Herder fundou a doutrina do espírito do povo, Volksgeist. Uma das aplicações de sua tese do germe original de que cada nação é portadora — e cujas múltiplas manifestações formam um todo orgânico — consistiu na sua repulsa à teoria racionalista da emigração das artes e das ciências e da fonte única e universal da cultura. Ao contrário, segundo Herder, as manifestações culturais de cada nação são o desenvolvimento do que essa nação já contém em si, de modo germinal, desde a sua origem. [Barbuy]