Filosofia – Pensadores e Obras

politeísmo

(in. Polytheism; fr. Polythéisme; al. Polytheismus; it. Politeismó).

(Sobre a noção de politeísmo, v. Deus, 3, a). O politeísmo está bem longe de ser uma crença primitiva e grosseira, inconciliável com a reflexão filosófica. Visto que já está presente na distinção entre divindade e Deus, na realidade são politeístas muitas filosofias às vezes consideradas tipicamente monoteístas, como p. ex. a de Aristóteles. O politeísmo foi às vezes explicitamente defendido por filósofos modernos. Hume já observava, em História natural da religião (1757), que a passagem do politeísmo para o monoteísmo não deriva da reflexão filosófica, mas da necessidade humana de adular a divindade para obter sua benevolência, e que o monoteísmo é acompanhado muitas vezes pela intolerância e pela perseguição, visto que o reconhecimento de um único objeto de devoção leva a considerar absurdo e ímpio o culto de outras divindades (Essay, II, pp. 335 ss.). Na era moderna, a superioridade do politeísmo foi ressaltada por Renouvier (Psychologie rationelle, 1859, cap. 25) e James (A Pluralistic Universe, 1909), mas muitas outras doutrinas são politeístas, inclusive a de Bergson. Max Weber considerou o politeísmo como a luta entre os diversos valores ou as diversas esferas de valores, entre os quais o homem deve tomar posição, luta que nunca termina com a vitória de um só valor. Neste sentido, o mundo da experiência nunca chega ao monoteísmo, mas se detém no politeísmo (Zwischen zwei Gesetze, 1916, em Gesammelte Politische Schriften, pp. 60 ss.). [Abbagnano]