De fato, Malebranche tem razão. Toda causa na natureza é causa ocasional, apenas dá a oportunidade, a ocasião, para o fenômeno da Vontade una, indivisa, em-si de todas as coisas, e cuja objetivação grau por grau é todo este mundo visível. Apenas a entrada em cena, o tornar-se-visível neste lugar, neste tempo, é produzido pela causa, e nesse sentido depende desta, mas não o todo do fenômeno, não a sua essência íntima: esta é a Vontade, à qual não se aplica o princípio de razão, e, portanto, é (…)
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Schopenhauer / Arthur Schopenhauer
Matérias
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Schopenhauer (MVR1:200-201) – causa e motivo
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Schopenhauer (MVR1): negação da vontade
25 de janeiro, por Cardoso de CastroNo encadeamento do nosso modo de consideração encontramos como conteúdo da noção de INJUSTIÇA aquela índole da conduta de um indivíduo na qual este estende tão longe a afirmação da vontade que aparece em seu corpo que ela vai até a NEGAÇÃO DA VONTADE que aparece num corpo alheio. Também indicamos em exemplos bastante gerais o limite onde começa o domínio da injustiça, ao determinar, ao mesmo tempo, suas gradações desde os mais elevados graus até os mais baixos, por meio de alguns conceitos (…)
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Schopenhauer (MVR1:165) – vontade e corpo
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroAssim, se cada ação de meu corpo é fenômeno de um ato volitivo, no qual minha vontade mesma, portanto meu caráter, expressa-se em geral e no todo sob certos motivos, então o pressuposto e a condição absolutamente necessária daquela ação têm de ser também fenômeno da vontade, pois [I 128] o aparecimento desta não pode depender de algo que não exista imediata e exclusivamente mediante ela, que, portanto, seja-lhe simplesmente contingente: com o que seu aparecimento mesmo seria casual. Aquela (…)
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Schopenhauer: a razão (Vernunft) e o entendimento (Verstand)
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs professores que detêm as cátedras das faculdades de filosofia consideram [290] aconselhável que justamente aquilo que diferencia o homem dos animais, ou sejam, as faculdades de pensamento e de reflexão [..] seja dissociado de seu nome anterior e não seja mais designado como “Razão” (Vernunft), porém [...] preferem denominá-lo [...] de entendimento (Verstand). [...] Isto se deve ao fato de que precisavam no nome e da abrangência do termo “Razão” para denominar uma faculdade inventada e (…)
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Schopenhauer (MVR2:10-13) - vive-se na ordem subjetiva
25 de fevereiro de 2020, por Cardoso de CastroO verdadeiro idealismo, ao contrário, não é propriamente o empírico, mas o transcendental. Este deixa intocada a realidade EMPÍRICA do mundo, todavia assegura que todo OBJETO, portanto o real empírico em geral, é duplamente condicionado pelo SUJEITO: primeiro MATERIALMENTE, ou como OBJETO em geral, visto que uma existência objetiva só é pensável em face de um sujeito e sua representação; segundo, FORMALMENTE, na medida em que o MODO de existência do objeto, isto é, de ser representado (…)
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Schopenhauer (MVR2:7-10) - subjetivo e objetivo
25 de fevereiro de 2020, por Cardoso de CastroQue o MUNDO OBJETIVO existiría ainda que não existisse ser algum que conhece parece à primeira vista algo naturalmente certo, já que se pode pensá-lo in abstracto sem que venha a lume a contradição que traz em seu interior. — Só quando se quer REALIZAR esse pensamento, vale dizer, remontá-lo a representações intuitivas, exclusivamente das quais ele (como tudo o que é abstrato) pode obter conteúdo e verdade, e assim intentar IMAGINAR UM MUNDO OBJETIVO SEM SUJEITO QUE CONHECE, é que se torna (…)
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Schopenhauer (MVR1): objetidade da vontade
25 de janeiro, por Cardoso de Castro21. Quem, mediante todas essas considerações, compreendeu in abstracto, de maneira evidente e certa, que aquilo que cada um possui in concreto imediatamente como sentimento, a saber, a essência em si da própria aparência — que se expõe como representação tanto nas ações quanto no substrato permanente destas, o corpo — é a VONTADE, que constitui o mais imediato de nossa consciência, porém, como tal, não aparece completamente na forma da representação, na qual objeto e sujeito se contrapõem, (…)
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Schopenhauer (MVR2:277-279) – vontade e intelecto
16 de abril de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Portanto, quando se diz de uma pessoa: “ela tem um bom coração, mas uma cabeça ruim”; de uma outra, entretanto: “ela tem uma cabeça muito boa, mas um coração ruim”; todos sentem que, no primeiro caso, o louvor em muito ultrapassa a censura; no segundo, o contrário. Correspondendo a isso vemos que, quando alguém pratica uma má ação, seus amigos, e ele mesmo, empenham-se em transferir a culpa da VONTADE para o INTELECTO e fazer passar os erros do coração pelos erros da cabeça; (…) -
Schopenhauer (MVR1): ato da vontade
25 de janeiro, por Cardoso de CastroOs sistemas que partem do objeto sempre tiveram o mundo intuitivo inteiro, e sua ordenação, como problema; contudo, o objeto que tomam como ponto de partida nem sempre é este mundo, ou seu elemento fundamental, a matéria: antes, é possível fazer uma classificação de tais sistemas conforme as quatro classes de objetos possíveis estabelecidas no meu ensaio introdutório. Assim, pode-se dizer que, da primeira daquelas classes, ou do mundo real, partiram Tales e os jônicos, Demócrito, Epicuro, (…)
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Schopenhauer (MVR2:613-614) – o importante papel da relação sexual
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroA tudo isto corresponde o importante papel que a relação sexual desempenha no mundo humano, no qual é propriamente o invisível ponto central de qualquer ação e conduta, transparecendo em toda parte, apesar de todos os véus jogados sobre ela. É a causa da guerra e o objetivo da paz, o fundamento dos assuntos sérios e o alvo dos gracejos, a inesgotável fonte dos ditos espirituosos, a chave de todas as alusões e o sentido de todo sinal secreto, de toda proposta tácita e de todo olhar furtivo, é (…)
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Cassirer: Excertos da «Tragédia da Cultura»
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroExcertos da « Tragédia da Cultura »
Dice Hegel que la historia universal no es precisamente el albergue de la dicha; que los períodos pacíficos y venturosos son hojas en blanco, en el libro de la historia. No creía, ni mucho menos, que esto estuviera en contradicción con aquella su fundamental convicción de que "todo, en la historia, carece de un modo racional, antes al contrario, veía precisamente en ello la confirmación y corroboración de esta tesis".
Ahora bien, ¿para qué sirve el (…) -
Schopenhauer (MVR1:049-053) – espaço, tempo e matéria
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroQuem reconheceu a forma do princípio de razão que aparece no tempo puro como tal e na qual se baseia toda numeração e cálculo, também compreendeu toda a essência do tempo. Este nada mais é do que justamente aquela forma do princípio de razão, e não possui nenhuma outra propriedade. Sucessão é toda a sua essência. — Quem, ademais, conheceu o princípio de razão tal qual ele rege no mero espaço puramente intuído esgotou com isso toda a essência do espaço, visto que este é, por completo, (…)
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Schopenhauer (MVR2:577) – existência da espécie que não envelhece
8 de janeiro, por Cardoso de Castro[...] Antes de tudo, devemos reconhecer, pela consideração de cada jovem animal, a existência da espécie que não envelhece e que, como um reflexo da sua juventude eterna, transmite uma juventude temporal a cada novo indivíduo, deixando-o aparecer tão novo e viçoso como se o mundo datasse de hoje. Pergunte-se honestamente se a andorinha da primavera atual é em tudo diferente da andorinha da primavera primeira, e se realmente entre as duas o milagre de uma criação a partir do nada se renovou (…)
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Schopenhauer (PP:449-452) – solidão e sociedade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroEm geral, as pessoas só podem estar na mais perfeita harmonia consigo mesmas - não com seus amigos, não com seus amantes; pois as diferenças de individualidade e disposição sempre levam à dissonância, mesmo que pequenas. Portanto, paz de coração genuína e profunda e paz de espírito perfeita, esses mais elevados bens terrenos após a saúde, podem ser encontrados apenas na solidão e, como uma disposição permanente, apenas no mais profundo isolamento. E se nosso próprio si mesmo é grande e rico, (…)
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Schopenhauer (MVR1:138-141) – Razão Prática
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Após as considerações sobre a razão enquanto faculdade especial e exclusiva do homem, e sobre aqueles fenômenos e realizações próprios da natureza humana, falta ainda falar da razão na medida em que conduz a ação das pessoas, portanto, podendo nesse aspecto ser denominada PRÁTICA. Porém, o que aqui será mencionado encontra em grande parte o seu lugar em outro contexto, a saber, no apêndice deste livro, em que se contesta a existência da chamada razão prática de Kant, que ele (…) -
Safranski (S:35-37) – corpo e vontade em Schopenhauer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroArthur herdou o brio, a sobriedade, o orgulho e a lucidez de seu pai. Sua altivez abrupta e fria arrogância também recebeu dele. A consciência de sua própria dignidade e seu amor-próprio tão fortemente desenvolvido não puderam ser abrandados pelo carinho materno, porque Johanna tinha de fazer um grande esforço para obrigar-se a sentir amor por ele. Seu filho é a encarnação de sua própria renúncia à vida. Johanna quer viver sua própria vida. Como ela mesma não consegue viver como deseja, (…)
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Schopenhauer (MVR1:380-381) – querer não pode ser ensinado
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroComo os motivos que determinam o fenômeno do caráter, ou o agir, fazem efeito sobre ele mediante o médium do conhecimento, e o conhecimento, por seu turno, é variável, oscilando constantemente entre erro e verdade, porém via de regra retificando-se cada vez mais no curso da vida, embora em graus muito diferentes, vem daí que a conduta de um homem pode variar notavelmente sem que com isso se deva concluir sobre a mudança em seu caráter. O que o homem realmente e em geral quer, a tendência de (…)
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Schopenhauer (MVR2:683-684) – a vida é um negócio
26 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroTudo na vida nos ensina que a felicidade terrena está destinada a desvanecer-se ou a ser reconhecida como uma ilusão. Os dispositivos para isso encontram-se profundamente na essência das coisas. Assim, a vida da maioria das pessoas é breve e calamitosa. As pessoas comparativamente felizes o são na maioria das vezes apenas aparentemente, ou são, como ocorre no caso das pessoas de vida longa, raras exceções, cuja possibilidade teria de existir, — ao modo de isca. A vida apresenta-se como um (…)
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Ponczek: livre arbítrio
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroAo contrário de Schopenhauer, que faz da vontade o pilar numênico de seu sistema filosófico, vendo-a como a coisa-em-si, Spinoza a considera tão-somente como uma ideia persistente que “ocupa o espaço mental”. Assim como dois corpos não podem ocupar a mesma extensão do espaço, as ideias, obedecendo à mesma ordem e conexão das coisas materiais, também se excluem momentaneamente podendo, a que prevalecer, associar-se à ação, devido a sua persistência.
Spinoza tampouco considera a vontade como (…) -
Schopenhauer (MVR2:605-606) – a morte
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA morte é a grande correção que a Vontade de vida, e o egoísmo essencial a esta, recebem durante o curso da natureza; morte que pode ser concebida como uma punição para a nossa existência; é o desatar doloroso do nó que a procriação amarrou com volúpia e é a destruição violenta, vinda de fora, do erro fundamental de nosso ser: é a grande desilusão. No fundo somos algo que não deveria ser: por isso cessamos de ser. — O egoísmo consiste em verdade no fato de que o ser humano limita toda a (…)