(VallinPM)
Se os tempos modernos são marcados, como disse Nietzsche, pela “morte de Deus”, vimos os sistemas nos trazerem ídolos e mitos de substituição que constituem o conteúdo das diversas formas do dogmatismo temporalista. Mas a Existência e o Tempo criador, que o homem divinizou em seu esplêndido isolamento, descobriram, ao término da recusa das diversas formas da Transcendência, seu verdadeiro rosto. E vimos que a filosofia do Nada não é um monstro nascido ao acaso de alguma vã especulação filosófica: ela é uma tomada de consciência lúcida e rigorosa da condição do homem, do mundo e do Ser ao término da revolta antimetafísica que inaugurou a história dos sistemas.
Pois a morte de Deus foi seguida pela morte do próprio [247] Tempo. A descoberta do aspecto destrutivo do Tempo ou da limitação substancial em estado puro é como um último estágio desse “nihilismo” que Heidegger, após Nietzsche, denunciou na filosofia ocidental. A divinização do “Ente” sob todas as suas formas nos revela, ao término de sua dialética, que o Ente, separado do Ser do qual recusou a luz, é rigorosamente idêntico ao Nada, ou, no vocabulário que adotamos, que a Existência separada da Transcendência do Uno ou do Si desemboca na indeterminação do Nada, ou da Substância universal.