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Moira
domingo 1º de setembro de 2024
VIDE moira
O sentido da Moira nos é mascarado pela tríade tardia e imagética das Moiras. Em realidade seu poder de repartição não se limita a fixar o início, o curso e o final das vidas humanas. Ela é o poder universal que “liga” todo ente. “(O espírito) não separará o ente de sua ligação ao ente... posto que a Moira o acorrentou em uma integralidade fechada e imóvel: diz o poema de Parmênides . A princípio, a palavra Moira tem por raiz “mer”: se lembrar, donde estar em preocupação, donde “parte”. A parte aqui não se refere a uma partilha (gr. nemo); ela é aquilo do qual há preocupação e que sempre vem à memória. Quando Édipo está em preocupação, quando algo dele mesmo se levanta obscuramente em seu passado, ele interroga Tiresias o adivinho. A reminiscência antecipadora do adivinho consiste em ter visto – não em um momento dado, aorístico, mas em um ato sempre já cumprido – as coisas presentes, futuras e passadas “ligadas” em uma só presença, onde o ente não suporta nem ser separado nem ser reunido. Tudo isto que está presente e ausente está ligado pela Moira, pelo poder do fundo sem data, do qual cada destino é um vir às claras segundo a ordem do tempo. O pensador filósofo é como o adivinho. “Olha com o espírito as coisas ausentes firmemente presentes”. O conhecimento é desencobrimento, a palavra apophansis. [Maldiney ]