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Castoriadis (1982:259) – razão moderna

sexta-feira 26 de abril de 2024, por Cardoso de Castro

  

Causalidade, finalidade, motivação, reflexo, função, estrutura são apenas nomes de guerra da razão necessária e suficiente. Esta, descendente da razão pura e simples, tornou-se sua representante exclusiva após uma evolução e através de uma interpretação, cujas raízes mergulham profundamente na instituição do social-histórico como tal. Esta interpretação, coextensiva à lógica herdada (no sentido mais amplo do termo lógica), é ao mesmo tempo consubstancial à ontologia que lhe corresponde; assim como a tese central desta ontologia, a que concebe e coloca o ser como ser-determinado, a “estância” (étance) como determinação, consiste numa elaboração e numa extensão totalizante das exigências desta lógica. Há vinte e cinco séculos, o pensamento greco-ocidental se constitui, se elabora, se amplia e se aprimora sobre esta tese: ser é ser algo de determinado (einai ti), dizer é dizer algo de determinado (ti legein); e, obviamente, dizer verdadeiramente é determinar o dizer e o que se diz pelas determinações do ser ou então determinar o ser pelas determinações do dizer e, finalmente, constatar que umas e outras são a mesma coisa. Esta evolução, trazida pelas exigências de uma dimensão do dizer e equivalente ao domínio e à autonomização desta dimensão, não foi nem acidental nem inevitável; foi a instituição, pelo Ocidente, do pensamento como Razão.


Ver online : Cornelius Castoriadis


CASTORIADIS, Cornelius. A Instituição imaginária da sociedade. Tr. Guy Reynaud. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982