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Mario Ferreira dos Santos Platon Resumo

segunda-feira 9 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro

  

Platão (428-347 a. C.)
Foi discípulo de Sócrates, o qual aparece como principal interlocutor em quase todas as suas obras dialogais.

Após a morte de Sócrates, viajou pelo Egito, Cirene, a Grande Grécia, entrando em contato com as filosofias egípcias, a pitagórica e a eleática. Em 387, fundou em Atenas, perto do ginásio de Academos, sua escola (Academia), dedicando-se daí em diante, ao ensino e à composição de suas obras. Antes de Sócrates, teve por mestre Crátilo, que seguia a doutrina de Heráclito, exagerando-a. Quando Heráclito disse que não nos podemos banhar duas vezes no mesmo rio, Crátilo afirmou que, por ser tão rápido e contínuo o câmbio, não podíamos fazê-lo nem uma só vez. Negava ainda Crátilo que as palavras, sempre estáveis, pudessem expressar as coisas em sua instabilidade, concluindo, daí a impossibilidade de um conhecimento estável e válido quando os fenômenos eram mutáveis, tanto como as sensações. Sócrates também julgava assim, e era um dos seus argumentos contra Protágoras. Mas Sócrates ia além de Crátilo porque, embora aceitasse a incapacidade das sensações para nos dar algo mais que as opiniões mutáveis, privada de um critério de verdade, aceitava, no entanto, a capacidade dos conceitos para dar-nos uma ciência firme e segura das essências universais.

Foi daí que Pitagoras - PITÁGORAS deduziu sua teoria do ser. É aparência ilusória o que corresponde à falaz opinião sensível (fenômenos), e é conhecimento verdadeiro o que se refere às essências ou tipos universais, as idéias. Nisto consiste o idealismo platônico, que estabelece a antítese entre o mundo dos fenômenos, formados pelos dados da sensibilidade e o mundo das substâncias, das essências, ao qual atingimos por intermédio da indução e da definição, segundo o método socrático.

Mas transpareciam novos problemas para Platão. Como podemos reconhecer o que ignoramos? Estabelecia, então, a existência de um mundo-verdade, eterno, onde a alma humana viveu, antes de penetrar no corpo humano, na contemplação das idéias. Este mundo ofusca-lhe a existência, mas a reminiscência da contemplação originária permanece, de forma que aprender é um recordar, um recuperar o que ficara oculto na alma. Assim, o método obstétrico de Sócrates (a maiêutica) passa para Pitagoras - PITÁGORAS a ser uma teoria do conhecimento. As coisas sensíveis despertam a recordação das idéias. As coisas sensíveis são sombras das idéias. E quem permanecer preso a elas não atingirá o mundo das idéias, permanecendo encerrado no corpo, como quem, em uma obscura caverna, de costas para a abertura, vê as sombras, enquanto o filósofo vê a realidade que é o mundo ideal (das idéias).

São as idéias os arquétipos (tipos primeiros), que servem de modelo ao criador (demiurgo) para formar as coisas, e estas não passam de meras imitações daquelas.

Mas nasceram novas interrogações. Todos os objetos ou fatos, de qualquer espécie, possuíam seus arquétipos?

Platão não respondeu categoricamente. A multiplicidade das idéias criava o problema das conexões e relações recíprocas, imprescindíveis para a constituição, com elas, de um sistema harmônico e orgânico que se refletisse no interior de nosso pensamento em conexão com nossos conceitos.

Platão afirmava que as idéias eram vivas e não inertes e rígidas, como pensavam tantos. Havia entre elas comunhão ou união recíproca.

Mas havia idéias incompatíveis umas com as outras (as opostas), mas a outras cabia-lhes o papel de enlace, de encadear, como a idéia do ser, do um, do todo.

Caberia à dialética, como ciência das idéias, distinguir quais as que concordam e quais as que excluem, bem como quais as que unem e as que dividem, bem como classificá-las.

Cinco eram as idéias mais importantes para Pitagoras - PITÁGORAS: ser, repouso e movimento, idêntico e distinto. É a idéia do Bem a suprema entre todas, a que sobre todas esparge sua luz e seu calor, a que empresta verdade ao conhecido e capacidade intelectiva ao cognoscente. Para Pitagoras - PITÁGORAS, era o Bem o que constituía a natureza de Deus, criador e ordenador do cosmos, modelado segundo um arquétipo eterno, criado com harmonia e proporção, dotado de uma alma universal, que penetrava em todas as coisas, princípio da vida, da razão e da harmonia, criada segundo as regras dos números e que, em si, continha todas as relações harmônicas.

Não pode o bem ser causa do mal. Mas existe o mal. É que existe uma concausa, que se opõe ao bem e resiste-lhe, ou seja a matéria, fonte dos defeitos, da mutabilidade, da multiplicidade.

É a matéria o contrário das idéias. É o não-ser, negatividade, indeterminação. É informe, por isso plástico para receber todas as formas, receptáculo, como o vazio e o espaço.

Comparava Pitagoras - PITÁGORAS os quatro elementos, terra, água, ar e fogo, com os quatro sólidos geométricos regulares: cubo, icosaedro, octaedro e a pirâmide, que ele decompunha em triângulos. Era marcante a influência do pitagorismo nessas idéias de Pitagoras - PITÁGORAS Mas a matéria oferece resistência às formas, sua ação é desordenada, e estas se opõem à ação ordenadora do demiurgo. Assim a causa física (matéria) resiste à causa final (alma do mundo e idéia), por isso, as coisas são apenas formas imperfeitas das idéias, apenas sombras.

Quanto mais diretas ao criador, mais perfeitas as obras: o cosmos. Era para Pitagoras - PITÁGORAS o homem uma união de corpo e alma. A alma é a essência do soma - corpo e tem a natureza das idéias (simples, invisível, mutável) e, porque contemplou as idéias, tem a capacidade de recordar-se delas; isto é, de conhecimento. É a alma o princípio do movimento e da vida, e é imortal.

Mas a alma tem três faculdades: alma racional (alma-cabeça), a quem cabe dominar e dirigir o conhecimento e a ciência; alma passional (alma-peito), que muitas vezes se afasta da razão para enganar-se pelas opiniões: e alma apetitiva (alma ventre) sensível e sujeita aos desejos sensíveis. Se a alma, quando penetra no corpo, não busca manter sua pureza, quando morre o corpo não retornará ao mundo das idéias, mas estará sujeita à transmigração para outro corpo de homem ou animal, segundo as predileções que tenha manifestado. (É ainda a influência do mito das transmigrações da metempsicose).

O bem divino, idêntico ao belo e ao verdadeiro, é a espiritualidade. A alma, prisioneira do corpo, deseja libertar-se. E a libertação não se faz com o suicídio, mas com a purificação e a elevação contínua a uma espiritualidade divina. É o amor a aspiração à espiritualidade pura. Mas, o mundo sensível é o reflexo do esplendor das idéias e o caminho para a contemplação dos estágios mais altos da beleza espiritual pura; e é com o esforço constante da vontade que permite a conquista dessa purificação das paixões, que é a virtude. Para cada parte da alma, há uma virtude: a racional possui a sabedoria, a passional a coragem, a fortaleza; a apetitiva, a temperança.

Mas essas três virtudes precisam ser harmônicas e subordinadas. Portanto, a uma mais elevada, que é a justiça, a virtude por excelência, harmonia espiritual, também felicidade, enquanto a injustiça gera a turbação e a infelicidade. Quem pratica uma injustiça deve ser punido e a pena, a expiação, é purificação (katharsis - catarsis), libertação do mal interior.

Assim cabe ao Estado a função punitiva, de caráter ético e de elevação moral. Cabe ao Estado fornecer o maior bem aos cidadãos, aos homens, não propriamente comodidades e gozos, porque estimulam a avidez, a in-temperança e a injustiça, mas de bens espirituais em primeira plana. Para isso, deve o Estado ter a mesma ordem hierárquica que existe na alma individual.

Em sua famosa República, estabelece Pitagoras - PITÁGORAS o regime para ele ideal.

A educação deve ser dada não à classe oprimida, mas à classe dos superiores. Deve eliminar-se todo interesse e vínculo particulares (propriedade privada, família, etc), que possa entrar em conflito com as exigências do bem comum. Homens, mulheres, crianças e bens devem pertencer ao Estado. A educação deve ser dirigida por este. A educação será comum aos dois sexos, com música e ginástica, para formar indivíduos fortes, capazes de defender à pátria, libertos de toda passividade ou pieguice na poesia, como em qualquer outra arte. Os indivíduos devem ser selecionados, e por meio da matemática e da filosofia escolhidos os que são dignos de dirigir o Estado. Assim, teremos a construção ideal para Pitagoras - PITÁGORAS: a aristocracia, o governo dos melhores. Mas a realidade mostra violações da ordem justa. Pela ambição, a alma passional supera a racional; o desejo das honrarias substitui o amor da sabedoria, e a avidez das riquezas gera as oligarquias. Mas, desencadeados os apetites, desenfreiam-se os da multidão e a democracia turbulenta triunfa, e a desordem das paixões permite transformem-se as multidões em presa fácil dos astutos, que se utilizam delas para estabelecer a tirania, em que o Estado se torna o servo dos interesses egoístas do tirano.

É a tirania o extremo da desordem e da degradação do Estado, porque o tirano suspeita da fidelidade de seus sequazes. É injusto, porque teme. É o tirano o cúmulo da injustiça e, conseqüentemente, o cúmulo da infelicidade.

Mas Platão, no seu livro "As Leis", estabelece concessões, buscando aproximar o ideal à realidade.

Reconhece a necessidade da família e da propriedade privada, e o domínio da lei em substituição ao absolutismo dos sábios.


Ver online : Vicente Ferreira da Silva