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Pascal Nouvel: ética enquanto domínio da escolha em vista da ação

sábado 20 de junho de 2020, por Cardoso de Castro

  

tradução

Nesta lição, procurarei definir o conceito de ética médica, identificar os elementos determinantes, as raízes. Vou começar, muito concretamente, de um deslocamento, uma andança em um hospital. Tomarei o hospital St. Louis, em Paris, porque tive a oportunidade de frequentá-lo um pouco, mas poderia ser qualquer hospital, e vou fazer a seguinte pergunta: onde se encontra a ética dentro destas paredes? Em qual lugar e em quais circunstâncias manifesta algo que pode se parecer com ética?

Uma vez identificado o local onde se aloja a ética no hospital, abordarei uma segunda questão: em que ela consiste precisamente no contexto particular do hospital? Precisarei aqui contar com uma definição de ética muito provisória e imperfeita (porque é uma questão que por si mesma poderia ocupar livros inteiros). E não será apenas uma definição provisória e imperfeita, mas, além disso, uma definição limitada ao conjunto dos problemas que encontramos de modo corrente no contexto médico. Ética, eu a caracterizarei, muito provisoriamente, como o domínio da escolha em vista da ação.

E, a partir daí, mostrarei que o que identificamos como ética neste hospital pode ser classificado em três rubricas gerais: a primeira destas rubricas é o que chamarei de o ponto de vista da doença. A segunda, chamarei de o ponto de vista do paciente. Enfim, a terceira, da qual mostrarei que é a mais importante, é o ponto de vista do valor da vida. E esses três fundamentos da ética médica, não os chamarei de "fundamentos", por razões que explicarei, mas raízes da ética médica. Estas serão, portanto, as três raízes da ética médica.

Mostrarei que uma destas raízes, a que se relaciona com o valor da vida, se aprofunda na filosofia. A ética, de fato, requer essencialmente uma coisa: quanto vale a vida?

O DOMÍNIO DA BIOÉTICA

No curso seguinte, abordarei esta mesma pergunta, mas desta vez equipado com uma caracterização mais precisa do que é ética médica, questionarei onde está a ética em bioética. Aqui, novamente, partirei de um caso concreto: uma visita a um chamado problema de bioética, a questão da clonagem. Mostrarei que o questionamento ético que se desenvolve em torno do possível uso de técnicas de clonagem tem a estrutura característica das questões éticas, mas que também se distingue por certos aspectos importantes. Mostrarei que a bioética tem por principal característica de ser não uma ética, mas uma política.

Tendo assim fixado dois pólos, dois extremos na amarração da presença da ética nas questões médicas - por um lado, o mais concreto, o mais imediato, o mais comum, o mais banal também de certa maneira, por outro, o mais abstrato, o mais distante (mesmo que alguns digam que a clonagem é para amanhã), o mais prospectivo em qualquer caso - eu me interrogarei se não há algo entre estes dois extremos, se não há algo entre ética médica de hospital e bioética.

E aí, eu imediatamente apresento o resultado da investigação: entre estes dois pólos, entre estes dois extremos, encontraremos algo, encontraremos Jeannine e Robert. Eles nos fornecerão uma ilustração concreta do que pode ser este entre-dois, esta área localizada entre ética médica e bioética e isto também será uma oportunidade de apresentar rapidamente o que são técnicas de procriação assistida por medicamentos, bem como vários problemas éticos levantados por estas técnicas.

Original

Dans cette leçon, je chercherai à définir la notion d’éthique médicale, à en repérer les éléments déterminants, les racines. Je partirai, très concrètement, d’un déplacement, d’une déambulation dans un hôpital. Je prendrai l’hôpital St Louis, à Paris, parce qu’il se trouve que j’ai eu l’occasion de le fréquenter un peu, mais ça pourrait être n’importe quel hôpital, et je poserai la question suivante : où rencontre-t-on l’éthique dans ces murs ? A quel endroit, et dans quelles circonstances se manifeste quelque chose qui pourrait ressembler à l’éthique ?

Une fois identifié le lieu où se loge l’éthique dans l’hôpital, j’aborderai une seconde question : en quoi consiste-t-elle précisément dans le contexte particulier de l’hôpital ? J’aurai besoin ici de m’appuyer sur une définition très provisoire et imparfaite de l’éthique (car c’est une question qui, à elle seule pourrait occuper des livres entiers). Et il s’agira non seulement d’une définition provisoire et imparfaite mais, de plus, d’une définition limitée à l’ensemble des problèmes qu’on rencontre de façon courante dans le contexte médical. L’éthique, je la caractériserai, très provisoirement donc, comme le domaine du choix en vue de l’action.

Et, à partir de là, je montrerai que ce qu’on aura identifié comme étant l’éthique dans cet hôpital peut se ranger sous trois rubriques générales : la première de ces rubriques est ce que j’appellerai le point de vue de la maladie. La seconde, je l’appellerai le point de vue du malade. La troisième enfin, dont je montrerai qu’elle est la plus importante, est le point de vue de la valeur de la vie. Et ces trois fondements de l’éthique médicale, je ne les appellerai pas « fondements », pour des raisons que je vous exposerai, mais racines de l’éthique médicale. Ce seront donc les trois racines de l’éthique médicale.

Je montrerai que l’une de ces racines, celle qui a trait à la valeur de la vie, s’enfonce plus profondément dans la philosophie. L’éthique, en effet, demande essentiellement une chose : que vaut la vie ?

LE DOMAINE DE LA BIOETHIQUE

Dans le cours suivant, je reprendrai cette même question, mais équipé cette fois d’une caractérisation plus précise de ce qu’est l’éthique médicale, je demanderai où se trouve l’éthique dans la bioéthique. Là encore, je partirai d’un cas concret : une visite à l’intérieur d’un problème dit de bioéthique, la question du clonage. Je montrerai que le questionnement éthique qui se développe autour de l’utilisation éventuelle des techniques de clonage a bien la structure caractéristique des questions éthiques mais qu’il s’en distingue aussi par certains aspects importants. Je montrerai que la bioéthique a pour principale caractéristique d’être non pas une éthique mais une politique.

Ayant fixé ainsi deux pôles, deux extrêmes dans le repérage de la présence de l’éthique dans les questions médicales - d’un côté, le plus concret, le plus immédiat, le plus courant, le plus banal aussi d’une certaine façon, de l’autre le plus abstrait, le plus lointain (même si certains disent que le clonage c’est pour demain), le plus prospectif en tout cas - je m’interrogerai pour savoir s’il n’y a pas quelque chose entre ces deux extrêmes, s’il n’y a pas quelque chose entre l’éthique médicale de terrain et la bioéthique.

Et là, je vous livre tout de suite le résultat de l’enquête : entre ces deux pôles, entre ces deux extrêmes, nous trouverons effectivement quelque chose, nous trouverons Jeannine et Robert Ils nous fourniront une illustration concrète de ce que peut être cet entre-deux, cette zone située entre l’éthique médicale et la bioéthique et ce sera l’occasion aussi de présenter rapidement ce que sont les techniques de procréation médicalement assistée ainsi qu’un certain nombre des problèmes éthiques que soulèvent ces techniques.


Ver online : LEÇONS SUR L’ETHIQUE MEDICALE, LA PHILOSOPHIE DE LA MEDECINE ET LA PHILOSOPHIE DE LA BIOLOGIE.