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Cabala Cristã

domingo 31 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

Cabala   — Cabala Cristã — Kabbalae Christianae

A cabala cristã parte da hipótese de que o esoterismo judeu e a mística cristã coincidem. Ela opera a síntese esotérica de dois esoterismos. De um lado, há a cabala hebraica, a do Sefer ha-zohar  , de Abulafia, a da Gênese, de Ezequiel, de Isaías, de Enoque. De outro, há a tradição cristã esclarecida por Hermes Trismegisto. Os cabalistas se interrogam sobre o nome dos anjos, sobre a significação dos textos bíblicos à força de anagramas.

O trabalho de referência é do pesquisador François Secret, de quem estamos apresentando alguns excertos neste site, a começar por Pico della Mirandola  . Notável também os estudos de Antoine Faivre  , particularmente o volume publicado no Cahiers de l’Hérmetisme, que apresentamos na página Cabalistas Cristãos.

São conhecidas as muitas influências, em parte árabes, exercidas durante a Idade Média pelas ideias de poderes do mundo ou de "inteligências" (entendidas por uns como pensamentos de Deus, por outros, como anjos) na filosofia cristã da natureza; mas é conhecida sobretudo a preocupação que, continuando esse gênero de especulação, tiveram os melhores espíritos da Renascença de transpor novamente para o domínio cristão a cabala mágica e mística dos judeus. Notou-se, nessa época, que um bom número de Padres da Igreja tinham arranjado para o misterioso Hermes Trismegisto um lugar de honra entre os profetas e os sábios pagãos, e que livros herméticos tinham circulado desde o começo da Idade Média até a baixa Idade Média. A Renascença, por seu lado, celebra em Hermes Trismegisto o grande contemporâneo de Moisés e o ancestral da sabedoria grega (lembremos a sua venerável figura incrustada no pavimento da catedral de Sena). Se, por meio dele e de outros pensadores pagãos, os poetas, os artistas e os teólogos, com um entusiasmo respeitoso, fazem voltar para seu foco cristão os raios dispersos da luz divina, muito mais peso tem o outro repatriamento, o da cabala, cuja tradição oral secreta é feita remontar aos tempos de Moisés. As primeiras discussões defendendo ou contestando as doutrinas esotéricas da cabala são atribuídas aos judeus espanhóis do século XII, convertidos ou não; três séculos mais tarde foi tentado o contato com ela por Reuchlin, na Alemanha, por Ficino   e principalmente por Pico della Mirandola; e o surpreendente cardeal Egídio de Viterbo (1469-1555) procurou usar a cabala na exegese da Sagrada Escritura, non peregrina, sed domestica methodo, "empregando um método que não lhe é estranho, mas de acordo com o seu espírito". Por ordem de Clemente VII, esse príncipe da Igreja redigiu seu turbulento tratado da Schechina, dedicado a Carlos V. Seria fácil citar, além desses poucos nomes célebres, uma multidão de precursores e imitadores de menor envergadura; o que importa aqui é que essa penetração do esoterismo pagão e judaico correspondia inegavelmente ao espírito do humanismo, que esperava insuflar uma vida nova na teologia cristã estagnada, reunindo assim raios dispersos da revelação, sem duvidar, um só instante, da possibilidade de reunir todos esses elementos contrastantes na fé cristã autêntica. Pico della Mirandola, de modo particular, afirmou claramente que não procurava nenhum sincretismo: "Trago em minha fronte o nome de Jesus, e morrerei com alegria pela te que tenho nele. Não sou mágico, nem judeu, nem ismaelita, nem herege; é a Jesus que rendo culto, é a sua cruz que trago em meu corpo". Também nosso autor subscreveria essa afirmação. (excertos do Prefácio de Hans Urs von Balthasar   do livro "MEDITAÇÕES SOBRE OS 22 ARCANOS MAIORES DO TARÔ")

Apresentaremos a seguir excertos de obras importantes deste tema a começar por um livro publicado pela notável editora Archè de Milano, de autoria anônima sob o título: Adumbratio Kabbalae Christianae  .

Escritos e Estudos:

  • ADUMBRATIO KABBALAE CHRISTIANAE
  • JACOBO GAFFAREL
  • REUCHLIN
  • FRANÇOIS SECRET
  • PERADEJORDI
  • NICOLAS BOON
  • NATURPHILOSOPHIE