Weber (ETC) – Os critérios da verdade são critérios sociais

português

Chegamos ao fim de nossas discussões que não tinham outro objetivo senão destacar a linha quase imperceptível que separa ciência e crença e facilitar a descoberta do significado do esforço de conhecimento na ordem econômica e social. A validade objetiva [213] de todo saber empírico tem como fundamento e não tem outro fundamento que o seguinte: a realidade dada é ordenada segundo categorias que são subjetivas neste sentido específico que constituem a pressuposição de nosso saber e que elas estão ligadas à pressuposição do valor da verdade que só o saber empírico pode nos fornecer. Não podemos oferecer nada, com os meios de nossa ciência, àquele que considera que essa verdade não tem valor, – porque a crença no valor da verdade científica é um produto de certas civilizações e não é um dado da natureza. Portanto, sem dúvida, ele buscará em vão outra verdade capaz de substituir a ciência naquilo que só ela pode fornecer, a saber, conceitos e julgamentos que não constituem realidade empírica, que também não a copiam, mas que permitem ordená-la pelo pensamento de uma maneira válida. Vimos que, na esfera das ciências sociais e empíricas da cultura, a possibilidade de um conhecimento judicioso do que, a nossos olhos, é essencial na infinita riqueza do devir está ligada ao uso contínuo de pontos de vista de um caráter especificamente peculiar que, em última análise, estão todos alinhados às ideias de valor. Estas podem ser vividas e contestadas empiricamente enquanto elementos de toda vida humana tendo um sentido, mas o fundamento para sua validade não deriva da matéria empírica mesma. A “objetividade” do conhecimento na ciência social, pelo contrário, depende do fato que o dado empírico está constantemente alinhado a ideias de valor que, por si só, conferem um valor ao conhecimento e, embora a significação desta objetividade não se compreenda senão a partir destas ideias de valor, não cabe torná-las o pedestal de uma prova empiricamente impossível de sua validade. A crença, viva em cada um de nós, sob uma forma ou outra, na validade supra-empírica das ideias últimas e supremas de valor às quais ancoramos o sentido de nossa existência, não exclui, mas inclui a variabilidade incessante dos pontos de vista concretos sob os quais a realidade empírica assume uma significação. A realidade irracional da vida e sua capacidade de significações possíveis permanecem inesgotáveis; também a estrutura concreta da relação aos valores permanece movediça, sujeita como é às possíveis variações no futuro obscuro da cultura humana. A luz lançada por essas ideias supremas de valor recai cada vez sobre uma parte finita [214], sem cessar mutante, do curso caótico e prodigioso dos eventos que escoam através do tempo.

francês

Abellio, Raymond (31) Agamben, Giorgio (19) Antiguidade (969) Arendt, Hannah (16) Baader, Franz von (19) Barbuy, Heraldo (46) Berdyaev, N A (29) Bergson, Henri (16) Bioética (119) Brun, Jean (22) Byung-Chul Han (17) Cassirer, Ernst (15) Deleuze, Gilles (38) Descombes, Vincent (16) Escola de Frankfurt (21) Espinosa, Baruch (47) Faivre, Antoine (23) Fernandes, Sergio L de C (80) Ferreira da Silva, Vicente (21) Ferreira dos Santos, Mario (49) Festugière, André-Jean (38) Gaboriau, Florent (16) Gordon, Pierre (23) Henry, Michel (82) Jaspers, Karl (26) Kant, Immanuel (21) Kierkegaard, Søren Aabye (43) Lavelle, Louis (35) Merleau-Ponty, Maurice (23) Nietzsche, Friedrich (63) Ortega y Gasset, José (47) Outros Pensadores (94) Rosenstock-Huessy, Eugen (17) Rosenzweig, Franz (26) Saint-Martin, Louis-Claude de (28) Schelling, Friedrich (34) Schopenhauer, Arthur (99) Schérer, René (20) Sloterdijk, Peter (17) Sophia Perennis (123) Sousa, Eudoro de (36) Stein, Edith (14) Vallin, Georges (31) Weil, Simone (15) Wittgenstein, Ludwig (24)